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09 novembre, 2024 O Natal está a chegar

E muitas vezes, é o único dia em que a família se encontra.

Natal, evento do ano tão desejado, envolvendo um romantismo invernoso de algodão doce. Uma doce brisa que percorre os nossos sentimentos com música da época, onde as almas dançam e escorregam no gelo. Uma vontade em dar e receber.

O Natal está a chegar

Celebra-se o nascimento de Jesus, um dos maiores profetas históricos. Um homem bom, um visionário, mas também um ativista. Milhares o seguiram, milhares o perseguiram. Deixou-nos muitos ensinamentos, e também nos deixou este evento para celebrar em família.

Muitas vezes, é o único dia em que a família se encontra, no Natal - e o que outrora era uma família dispersa transforma-se agora, quase, numa Sagrada Família!

De repente, percebemos que existem sem-abrigo, e pessoas a pedir esmola. De repente, ficamos sensíveis ao ponto de dizer "bom dia" a toda a gente, incluindo à empregada de limpeza do centro comercial.

Passamos, tantas vezes, por estas pessoas todas, mas este evento faz com que, por magia, os consigamos ver pela primeira vez!

Das nossas bocas sai "Feliz Natal", das nossas carteiras saem moedas para pobres, das nossas casas saem mantas para os sem-abrigo.

Ficamos tão contentes com o Natal que até sentimos vontade de ir fazer trabalho voluntário e ajudar o próximo. É aquela altura do ano em que o amor transborda, e torna-se quase insuportável senti-lo, pois é tanto, mas tanto, que temos de ir a correr dá-lo a quem precisa.

Já não apitamos ao carro ao nosso lado, nem os ameaçamos, pois é Natal! Já nem ligamos à cor das pessoas ou ao que fazem, pois, de repente, passamos a ser uma comunidade fantástica, cheia de valores morais e ensinamentos!

Somos quase como Cristo, nesta altura, cheios de sabedoria, ensinamentos e vontade em fazer o bem. Abate-se sobre nós uma santidade fora de série, como se um raio caísse sobre nós e ficássemos imaculados!

Durante os dias de Natal, fazemos tudo bem. Compensamos a nossa ausência perante outro ser humano, compensamos o facto de termos gravado uma tragédia para as nossas redes sociais, pois, como é Natal, vamos ajudar em vez de gravar.

Tudo se torna visível. Durante cinco dias, conseguimos ver as pessoas que andam à nossa volta.

Conseguimos lembrar-nos do idoso que mora sozinho no nosso prédio - sim, aquele a quem a Segurança Social vai dar comida diariamente. Lembrámo-nos da sua existência e vamos lá dar um bolo-rei ao velhote, apesar de, quando abre a porta, não saber bem quem nós somos. É como se fosse a primeira vez que nos estivesse a ver!

Vamos à missa na noite de Natal, e metemos as mãos ao alto glorificando Deus. Metemos uma moeda na caixa das esmolas e assim fica resolvido, pois já não será necessário lidar com o rapaz, ou rapariga, que está à porta, à nossa espera, a pedir dinheiro para comer.

Vem o Ano Novo e ficamos "selvagens", cheios de alegria com um novo ano. Comemos 12 passas e pedimos coisas só para nós: 12 passas = 12 desejos.

Dia 2 janeiro, a ficha cai!

Volta-se ao submundo do vazio emocional e não se percebe muito bem porquê.

Não se percebe muito bem por que é que as nossas "pequenas coisas" voltam para nos assombrar.

Talvez a resposta esteja em responder a esta pergunta: Como se sentiu nestes últimos cinco dias em que fez o bem? Sentiu-se bem, não foi?

Então, que tal continuar a fazer o bem para que consiga sentir-se bem mais dias e mais meses? Está à espera de quê para fazer diferente?

Vá fazendo o bem... Devagar, devagarinho, mas faça mais o bem do que o mal, e tudo correrá bem!

Farta desta violência gratuita que anda para aí, sem significado, sem misericórdia, sem compaixão.

Humanos que justificam as suas ações com as ações de outros, pois não conseguem pensar por eles. Humanos sem sabedoria que infligem dor, danos a outros, porque ninguém, mas ninguém, foi um modelo decente nas suas vidas.

Fica-se, então, à espera de mais humanidade...

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