24 avril, 2016 (R)evolução sexual
42 anos nos separam desde a revolução de ‘74. O que mudou no campo da liberdade sexual?
A foda saiu à rua. Estava escondida em casos extra-conjugais. Em encontros fugidios de beco escuro. O prazer era proibido num Portugal que desprezava o quarto F: FODER.
Fantástico é o mundo na cabeça dos puritanos pós e pré-revolução onde uma mulher se deve sentir culpada por gostar de foder. Uma parideira beata. É esta a imagem biblica que reside em mente tacanha ainda hoje em dia. Eu não sou filho de ‘74, pois o mundo em que nasci apresentou-se a mim de outra forma, mundo este, no entanto, que continua a tornar vilã uma mulher que opte por um estilo de vida que não se encaixe no molde pré-concebido namorar-casar-ter filhos-envelhecer.
Belo mundo este, em que tudo corre de acordo com um plano.
Menos os homens. Esses podem fazer o que quiserem, pois sempre assim foi. Podem meter os cornos, podem ir procurar fora o que não têm em casa, podem bater, podem gritar, podem fazer o que lhes der na real gana. Vamos inverter. Vamos? Bora. Uma mulher que queria ir procurar fora de casa (mesmo a pagar) o que não tem. Uma mulher que traia. Uma mulher não queira namorar-casar-te filhos-envelhecer. O que é? Eu sei o que é, no entanto, parece que mesmo depois de Salgueiro Maia nos ter dado a oportunidade de poder usar a cabeça para pensar, continuamos com o pensamento de ditadura sobre o que faz a dita dura a uma mulher. Foder é para os homens, sexo é para as mulheres. É isto, meus amigos? Elas fodem quando nós queremos, ás horas que queremos e na disposição que nós queremos. Ai dela que quisesse revelar que quer ter um caralho no cu e um na boca, porque ai nossa senhora que a menina é uma vadia. No entanto, qualquer homem que exprima todo e qualquer devaneio sexual continua a ser algo compreensível. “Não, eu não penso assim”. A sério? A tua filha. Vamos usar isso? Bora. A tua filha tem uma opção de estilo de vida que não se coaduna com o tal molde atrás apresentado e assume-se como dona e senhora das suas opções (mesmo que erradas) do seu corpo.
Aceitas?
Claro que “aceitas”. Tal como eu. Aceitamos todos com aspas. Mas há sempre aquele amargo de boca, não é? Passemos ao teu filho. Mesma questão… e aí já aceitas. Certo? Sem aspas.
Até mesmo na mente mais aberta e liberal, a velha questão da igualdade ainda reside. Desde tenra idade que somos bombardeados com o que é esperado de nós em várias vertentes e no campo sexual não é diferente.
Abril trouxe-nos, de facto, uma revolução de liberdade de pensamento. Abril trouxe à mulher uma chance de poder começar a viver a sua sexualidade de forme livre. Saíram da penumbra do papel de carpideira parideira para mulher que vive a sexualidade de forma intensa.
Porém, ainda a pomos num papel secundário em relação ao homem. Abril aconteceu nas ruas e no papel. Falta acontecer Abril nas nossas mentes. E podemos debater se realmente fodas ou não, podem ser equiparadas a outros tipos de liberdade, no entanto, é o perfeito exemplo de como na nossa mente continua a residir um pequeno ditador dos bons costumes.
Liberta o teu pensamento.
25 de Abril sempre, na minha e na tua mente.
Até quartas e boas fodas.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.