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16 juin, 2015 Mas, afinal, o Ponto G existe ou é um mito?

Desfaça todas as dúvidas sobre este misterioso "lugar" da anatomia feminina.

Desde que se começou a falar do Ponto G pela primeira vez, no longínquo ano de 1950, já muitos estudos científicos se fizeram sobre o assunto. Mas ninguém parece ainda ter descoberto onde é, afinal, esse "botão mágico" que faz vir qualquer mulher como quem acende uma luz. Porque será?

Mas, afinal, o Ponto G existe ou é um mito?

Foi o ginecologista alemão Ernst Grafenberg (1881–1957) quem "descobriu" o suposto Ponto G em 1950, descrevendo-o como "um amontoado nebuloso de tecido sensível no lado ventral ou na barriga da vagina, ao lado da uretra".

Tão nebuloso o Ponto que nunca ninguém conseguiu, apesar de mais de meio Século de investigações, encontrar a sua localização precisa.

Foram os cientistas Emerita Beverly Whipple e John Perry quem o baptizaram como Ponto G, ou Ponto Grafenberg, em referência ao "Colombo" que o descobriu.

Estes dois cientistas estudaram, ao longo de três décadas, a resposta fisiológica e anatómica das mulheres à estimulação vaginal, examinando 36 zonas diferentes de estimulação, incluindo os lóbulos das orelhas e passando pelos dedos dos pés, e 15 tipos diferentes de toques, desde as carícias aos abraços, passando pelas cócegas e pelo lamber.

Pretendiam contestar o que chamavam "a tirania do papel central do clitóris" no orgasmo da mulher e descreveram em vários documentos diferentes tipos de orgasmos alegadamente sentidos pelas mulheres: clitoral, vaginal (ou do Ponto G), uterino e um misto das várias possibilidades.

Mas, estudos mais recentes, já vieram comprovar que o Orgasmo Vaginal, fruto da mera estimulação da penetração, não existe. A maioria das mulheres precisa de estimular directamente o clitóris para atingir o orgasmo.

Apesar de tudo, a existência ou não do Ponto G continua a ser motivo de amplo debate científico e até se diz que terá a capacidade de crescer e de mudar, com o avançar da idade da mulher. Uma espécie de órgão elástico! E até há vídeos que ensinam como estimular o Ponto G...

Todavia, uma pesquisa datada de 2012, que analisou diversos dos estudos publicados desde 1950, concluiu aquilo que parece evidente.

"Medidas objectivas não conseguiram fornecer provas consistentes e fortes da existência de um local anatómico que possa estar relacionado com o famoso Ponto G."

Isto é o mesmo que dizer que o Ponto G é, no fim de contas, um mito!

Há mulheres que alegam que a estimulação de um determinado local das suas vaginas as faz vir e não é que elas sejam malucas. A ideia de alguns cientistas é que se trata, não do Ponto G, mas da continuação do complexo órgão do clitóris que as faz atingir o orgasmo.

Já aqui abordamos a complexidade deste pequeno grande órgão no artigo "Toda a verdade sobre o clitóris", onde fica evidente que não é um mero ponto no topo da vagina.

O clitóris é um órgão complexo, composto de milhares de terminações nervosas - muitas mais do que o pénis -, e que é constituído por duas asas que formam um V em torno da abertura da vagina. Alguns cientistas chamam a essas asas os "bulbos do clitóris".

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Em 2014, outro estudo publicado no Jornal Nature Reviews Urology pelo cientista italiano Emmanuele Jannini, professor de Endocrinologia e Sexologia Médica na Universidade Tor Vergata de Roma, concluiu que o Ponto G é apenas uma área sensível que faz parte do "Complexo Clito-Uretro-Vaginal".

Este mesmo professor também frisou que este Complexo composto pelo Clitórios, pela Uretra e pela Vagina, e onde se concentra o orgasmo feminino, "em comparação com as zonas erógenas masculinas, é muito mais variável e complexo e também muda de mulher para mulher, conforme o ciclo hormonal".

Assim, é preciso parar com esse mito do Ponto G de uma vez! Não há um botão mágico que despolete o orgasmo de uma mulher - embora muitas delas gostassem que assim fosse, particularmente as que têm dificuldades em alcançar o clímax.

A ideia de reduzir o orgasmo feminino a um ponto único e misterioso é diminuir a complexa sexualidade da mulher a um grau de simplicidade que é, não apenas desrespeitador, mas uma forma de tirar das costas dos homens qualquer peso ou responsabilidade em relação ao assunto.

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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