02 janvier, 2016 A educação sexual de Rita Lino

A portuguesa que usa o corpo na busca pelo Santo Graal da sexualidade.

Rita Lino não tem medo, nem vergonha de se mostrar ao mundo como Deus a fez em auto-retratos completamente nua, por dentro e por fora. O seu corpo é também o seu corpo de trabalho na busca pela sua sexualidade e por aquilo que a faz mulher...

Rita Lino é uma fotógrafa portuguesa de 29 anos que vive em Berlim, na Alemanha.

A artista trabalha há mais de uma década nesta senda pelo Santo Graal da sua própria sexualidade - como no tempo dos Celtas, o Rei Artur e os seus cavaleiros andavam em busca do caldeirão mágico que revitalizava pessoas e alimentos.

A procura de Rita Lino faz-se em nome da auto-descoberta, da feminilidade e da essência mais pura que a domina - o sexo, o prazer e o corpo são simultaneamente os instrumentos e o produto do seu trabalho.

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A sua visão provocadora e despudora, sem vergonhas ou receios do que os outros pensam ou dizem, não pode deixar ninguém indiferente, nem deixa que se vire a cara para o lado, para não ver o que ela nos atira como um murro no estômago.

Em entrevista a uma blogger, Rita Lino confessou que tirar auto-retratos a deixa "mega excitada". E vivam as pelfies!

Mas a arte de Rita Lino nada tem a ver com o exibicionismo que toma conta das Redes Sociais, seja com selfies, seja com pelfies.

As suas fotografias não espelham apenas o sexo pelo sexo, elas representam os mistérios que dominam a própria artista na sua busca interior.

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Fotos tão "simples" como "difíceis de digerir", conforme nota Miguel Figueroa num texto escrito no âmbito da exposição "Construction" da fotógrafa e divulgado no site oficial de Rita Lino.

"As fotos de Rita Lino são ao mesmo tempo simples e difíceis de digerir. A fotógrafa grita-nos, silenciosamente, e diz-nos "deseja-me", "abraça-me", "olha-me" e "fode-me". E, às vezes, manda-nos directamente à merda enquanto nos observa fixamente com os olhos."

Noutro texto publicado na página da Internet de Rita Lino, Luis Ferraz fala em arte intuitiva que se centra, no fim de contas, na "realidade" da própria artista.

"O trabalho da Rita é o palco onde ela expressa artisticamente as espécies de todas as formas sensíveis e inteligíveis. Coisas que ela conseguiu não apenas perceber, mas que, enquanto percebidas, conseguiram mudá-la. Ela é uma viajante distante. Uma viúva sérvia. Uma trabalhadora do sexo. Às vezes, uma bruxa blasfema, noutras uma mulher blogger auto-centrada. Tornando-se semelhante a Deus, ela está condenada a ser tudo, enquanto espera todas as vossas orações."

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Além de diversos projectos pessoais, Rita Lino tem também colaborado com vários outros artistas, participando em diversas exposições.

Com muitos trabalhos publicados em revistas internacionais, também já publicou dois livros de fotografia - Entartete e All the Lovers.

No projecto Entartete, uma palavra alemã que significa degenerada em Português, Rita Lino criou uma série de fotografias e de vídeos onde aborda as possibilidades do seu corpo perante uma sexualidade sem inibições, totalmente livre, sem limites e sem quaisquer preconceitos ou vergonhas.

Ora espreita um dos vídeos que Rita Lino criou no âmbito de Entartete...