28 décembre, 2023 Repórter Sarilhos faz o balanço
O ano sexual dos portugueses
Enquanto não abrimos o champanhe para entrar em 2024, o repórter Sarilhos foi para a rua questionar os incautos transeuntes acerca do seu ano amoroso: ele ou ela? Fome ou fartura? Com ou sem? À frente ou atrás? A sós ou mal acompanhado?
Ficámos a saber que cada um caso é um caso, mas todos concorrem para a mesmo resultante: melhor ou pior, menos ou mais, mais tarde ou mais cedo, grosso ou fino, se alguma coisa o português e a portuguesa não dispensam é a boa tradição fodenga que vem do tempo dos nossos avós. Aliás, sem eles não estávamos aqui...
Ana (35 anos, professora)
"O ano de 2023 foi um desafio como professora, uma vez que fui colocada muito longe de casa. Isso acabou por influenciar a dinâmica do meu casamento. Por um lado, como estávamos muito tempo sem nos vermos, quando eu voltava a casa o meu marido saltava-me logo para cima e não me largava até o fim-de-semana terminar. Foi óptimo, porque graças a isso comecei a ter orgasmos.
Mas para isso também contribuiu a decisão de iniciarmos uma relação aberta, já que nem eu aguentava uma semana sem pau, nem ele suportava uma semana sem cona. Graças a isso, tive muitos amantes e era muito popular na sala de professores e, como já disse, tive muitos orgasmos, inclusivamente anais.
Eu nunca tinha dado o cu, mas tive um amante, professor de geografia, que tinha um pauzinho tão pequenino que me apeteceu experimentar. Adorei e passei logo para paus maiores e aí entrou o meu marido, ainda que muitos outros lá tenham entrado antes dele.
Portanto, o que tiro de 2023 basicamente são os orgasmos, que foram um excelente upgrade na minha vida sexual, para não falar na minha carreira profissional, já que dantes era uma parva, nem me ficava bem ser professora e não saber o que era esporrar-me toda.”
Lúcio (25 anos, engenheiro)
"O ano que passou foi um teste à minha resiliência. Perdi o emprego, mas aprendi a reinventar-me. Foi um misto de desafios e conquistas. O stress afetou as minhas relações, nomeadamente porque estava na cama e, muitas vezes, nem sequer era capaz de o levantar e dar prazer às minhas amantes.
Até a minha mulher se queixou, chegou-me a virar o rabo e nada, e eu que sempre lhe tinha implorado. Felizmente, fui a um psicólogo e ele viu logo do que se tratava - disse-me que se calhar não tinha tesão a ver rabos porque não tinham pêlos. Deixou-me a matutar e convidou-me para jantar e, no fim da noite, fez-me um broche e não tive nenhum problema de tesão.
Então, pedi o divórcio e estamos a pensar viver juntos, adoro chupar o caralho dele e ele o meu e, além disso, como somos mais ou menos da mesma estatura e morfologia, podemos vestir a roupa um do outro.
Portanto, como disse, reinventei-me e esse foi o grande evento, para mim, de 2023. Adoro quando ele mo mete no rabo, porque é muito grande, e eu também meto no rabo dele - a minha mulher nunca quis, só no fim quando já era tarde, e acho que foi por isso que nos separámos.”
Mei Tavares (28 anos, designer gráfica)
“Como designer e oriunda duma civilização milenar, tendo a ser criativa em tudo o que faço profissionalmente, no entanto, fui sempre muito fechada como pessoa. A diversidade cultural inspirou sempre as minhas criações, mas nem tanto a minha vida pessoal. Então, em Fevereiro de 2023 conheci um artista africano e tudo mudou.
Eu nunca tinha visto um membro como o dele, aquilo sim é uma obra de arte. Ao princípio, não tínhamos muita química, mas, um dia, estávamos a dar beijinhos e ele a apalpar-me as maminhas e, quando reparei, tinha-o posto para fora. Quando o vi soube logo que a minha vida nunca mais ia ser a mesma.
Despi a cuequinha e mostrei-lhe a rata e foi amor à primeira vista. Não era só o encaixe, era o design perfeito, ninguém diria que uma coninha tão pequenina se ia dar bem com uma pila tão grossa e comprida, mas a verdade é que foi mesmo assim.
Então, aprendi que é possível equilibrar as tradições com as aspirações pessoais e também muitas posições novas que desconhecia, mesmo apesar de ter feito o design duma edição moderna do Kamasutra. Casámos e, por isso, posso dizer que 2023 foi um ano muito bom!”
Carlos (50 anos, médico)
“Em 2023, o setor da saúde enfrentou desafios complexos, mas, em contrapartida, avançámos muito na pesquisa médica. Ou por outra, eu avancei muito na pesquisa médica, porque, não sei porquê, começou a soar nos corredores que eu era uma espécie de Adonis, um deus do sexo, e, de repente, tinha o staff todo - médicas, enfermeiras e até pessoal auxiliar -, atrás de mim.
Na verdade, acho que me confundiram com outro médico que também se chama Carlos e que é muito mais novo do que eu e parece o McDreamy, mas, se ao início, a minha performance causou alguma desconfiança empírica, com a prática tornei-me, de facto, muito competente nas artes do sexo, correspondendo assim ao mito lançado sobre mim.
No confronto entre mim e o outro doutor Carlos, a experiência ganhou à juventude. Antes, por causa das listas de espera, praticamente não tinha vida própria ou sexual. Mas agora tenho a líbido tão activa que arranjo sempre tempo e tenho, no mínimo, duas a três relações sexuais por dia - só no horário de trabalho. Tento não praticar in loco, porque não gosto de misturar as coisas e há um motel mesmo ao lado do hospital, mas, às vezes, há urgências e vai mesmo em cima duma marquesa qualquer.
As minhas amantes preferidas são as enfermeiras acabadinhas de sair da faculdade, vêm cheias de tesão a imaginar que a carreira hospitalar é um episódio da Anatomia de Gray. Vêm com tudo, dão a boca, o rabo e a cona, e muitas até têm namorado ou marido. Mas não digo que não a nada, também aprecio as delícias da mulher madura. Eu não sou casado, nem tenho filhos, a minha vida profissional nunca mo permitiu, por isso aproveito.”
Sofia (22 anos, estudante de Ciências Ambientais)
"Entrar em ciências ambientais em 2023, foi inspirador, mas, sobretudo, adorei viver em comunidade pela primeira vez, pois entrei numa república. Eu sou filha única e vivi sempre com os meus pais em circuito fechado, eles sempre me protegeram muito. Então, na faculdade pude libertar-me.
É bom conviver com os nossos pares, pessoas que pensam como nós e se preocupam com o clima e a sustentabilidade e, principalmente, fazem bons minetes. Os rapazes com quem namorei nunca me conseguiram dar prazer oral, nem os mais esforçados, só um é que uma vez me fez vir, mas acho que foi por acidente.
Na nossa república, não há “bananas”, é só ninas e conedo, é mais uma fraternidade. Tive a sorte de encontrar um grupo de amigas muito especiais, que me mimam muito e me compreendem. É verdade que há uma necessidade urgente de ações globais com vista às alterações climáticas, mas as minhas necessidades hormonais estão muito satisfeitas.
Fazemos muitas festas, com muita cumplicidade. Andamos quase sempre nuas, brincamos muito, rapamo-nos juntas e lambemo-nos e chupamo-nos como se não houvesse amanhã. Há sempre gemidos e um cheiro a cona no ar, é óptimo para nos concentrarmos nos estudos.
Espero que continue assim até ao fim do curso, pois o mundo precisa urgentemente de mudar e de quem o defenda da ganância dos grandes grupos económicos. Nós fazemos essa luta e a nossa melhor ferramenta é o amor, embora muitas também gostem de usar um vibrador, mas não é o meu caso, sempre gostei mais de línguas, que é onde tiro melhores notas.”
Rafael (55 anos, empresário)
"2023 foi um ano de grande expansão, tanto pessoal como profissional, apesar de algumas questões preocupantes, nomeadamente orçamentais. Mas prosperámos ainda assim, a inovação foi a chave. Sempre nos preocupámos muito com as disparidades sociais e com a discriminação, pelo que decidimos apostar num crescimento mais inclusivo. Então, este ano, a minha esposa e eu decidimos expandir os nossos horizontes - ela começou a sair com outros homens e eu com outras mulheres.
Mas não nos sentíamos confortáveis com a situação, ainda estávamos muito formatados pela moral vigente. Por isso, começámos a convidar essas pessoas para a nossa casa e a conviver juntos e tudo encaixou. Deixei de sentir ciúmes dela e ela de mim, pois era tudo feito em conjunto, sem traições nem segredinhos.
Estamos muito felizes. Às vezes, dedicamo-nos cada um ao seu, mas, na maioria dos casos, é tudo ao molho e fé em deus. Os vizinhos andam desconfiados com as visitas que recebemos, às vezes tarde e a más horas, mas que se fodam! A casa dum homem é o seu castelo e o nosso castelo é o nosso oásis de prazer sem preconceitos.
Foi, por isso, um ano de grande crescimento pessoal para nós, embora os custos com acessórios, tais como preservativos, lubrificante e brinquedos de vários tipos, tenham vindo desequilibrar um pouco o orçamento familiar. Mas com imaginação tudo se consegue e, felizmente, nesse capítulo, nem eu nem a minha mulher temos problemas. Até porque foi tudo pelo melhor - a criação de momentos compartilhados fortaleceu a nossa relação e esta nova estabilidade é muito reconfortante."
Aisha (32 anos, advogada)
"Como advogada e ativista LGBTQ+, dediquei o ano de 2023 à justiça social. Vi avanços nos direitos, mas a discriminação persiste. A educação continua a ser crucial. A título pessoal, foi igualmente exigente e desafiante.
Sempre lutei e e continuarei a lutar pela igualdade, mas sentia-me muito marginalizada pela minha esposa, que nunca parecia ter tempo para mim. Aliás, para ela, o meu bem estar parecia igual ao litro, algo que eu considerava uma tremenda injustiça, sobretudo sexual. Andava sempre muito carente e a trepar pelas paredes. Então, comecei a arranjar-me mais e esforcei-me para acompanhar os seus interesses, que basicamente se resumem a mecânica automóvel e a desportos de contacto. Pelo seu lado, ela tentou interessar-se pelas minhas actividades, tais como o meu artesanato com flores e os meus chapéus decorativos em papel mache. Como resultado disso, começámos a dar-nos melhor na cama e fora dela.
Considero que foi um ano de transição, mas estou muito optimista em relação ao futuro, pois o primeiro passo está dado. Qualquer relação, para subsistir, tem que ser alimentada pelos dois lados e conseguimos dar esse passo, tanto pelo seu lado mais viril, como pelo meu lado mais feminino. Além disso, ela aceitou finalmente experimentar o strapon, tinha muitas questões com isso, pois afectava a sua masculinidade.
Mas agora que provou e gostou, adora que eu lhe vá ao cu. Isso é bom, porque a expressão anal sempre teve um papel muito importante na minha sexualidade, embora também adore na cona. Assim, estou muito feliz pela nova abertura dela, que temos vindo a alargar paulatinamente. Eu gosto de usar o aplicador maior que vem na embalagem, que é um molde do conhecido actor porno Logan Long, que infelizmente faleceu recentemente, mas deixou para a posteridade o seu maior dom, no caso em latex reforçado.”
Miguel (66 anos, reformado)
"A reforma trouxe-me mais tempo para a família, embora as preocupações com a saúde tenham aumentado. Ter mais tempo para pensar, de alguma forma, permitiu que realinhasse as minhas prioridades. Por exemplo, redescobri a importância da companhia.
A solidão é muitas vezes a trave mestra do sucesso, mas filosoficamente deixa um pouco a desejar. Assim, em 2023 tive oportunidade de renovar os votos com a minha mulher, que acumulara muitos amarguras e ressentimentos em relação a mim. Com razão, devo dizer, já que durante muitos anos descurei o seu bem estar. Agora priorizamos o tempo de qualidade. Aprendi que o apoio mútuo é vital, mesmo ou sobretudo nos momentos mais exigentes.
Actualmente, mal saímos da cama e não é por estarmos doentes, embora, no meu caso, talvez seja, pois descobri que estou em muito má forma física. A maior parte das vezes tem que ir ela por cima, porque eu já não me aguento à bomboca. Depois de tantos de anos de seca, e tendo já passado por todas as fases da idade sénior, como a menopausa, a nossa reaproximação fez com que ela redescobrisse a sua sexualidade e, neste momento, é praticamente insaciável, para não dizer obcecada. Só pensa em foder.
Se me deixo dormir de manhã, acorda-me com um broche e quando estou teso, monta-se em cima de mim até se vir. À tarde, quando vou dormir a sesta, não me larga enquanto não lhe dou um orgasmo com a língua. Antes de jantar, pede-me para lhe ir atrás, pois descobriu agora que adora. E à noite, eu só quero ver televisão, mas ela começa-se a despir e não descansa enquanto não lhe dou a abaladiça. Mais do que isso, tornou-se uma verdadeira exploradora do sexo e dispõe-se a fazer coisas impensáveis, como pedir-me para lhe fazer xixi para cima.
Toda a vida foi senhora, agora pede-me para a tratar como uma puta... Por sorte, não tenho problemas de erecção, nunca precisei de viagra e isso prende-se sobretudo com o facto de amar o corpo dela neste momento. Adoro o seu corpo de velha, com algum peso, adoro brincar com as camadas de carne descaída e, quando abre as pernas, a imagem da sua cona idosa, desgastada, flácida, já para não falar do cheiro a carne marinada, põe-me o caralho aos saltos. A sério, deixa-me louco!
Não sei onde fui buscar esta tara agora, mas é a verdade e ainda bem, para benefício de ambos. Por causa disto, 2023 foi sem dúvida um dos melhores anos da minha vida. Descobri que, não só ainda não estou morto, como nunca me senti mais vivo...”
O repórter Sarilhos deseja a todos os seus entrevistados e amigos, um bom ano com belas entradas e melhores saídas!
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com