29 août, 2024 A dama da justiça
Ele era um velho promotor de justiça, ela uma debutante roliça...
“Porra!”, disse a Marquesa
Batendo com as mamas na mesa
Mas lembrando-se do que aprendera na Suíça
Trocou o "porra" por "chiça"
Louco pela inaugural carícia
O Marquês já desembaínhara a piça
Quando, iludido a mulher, lhe fez notar
Ser a cuja insuficiente e quebradiça
Envergonhado, constatou a mole adriça
– A senhora recusa a minha nobre linguiça?!
Quis manifestar-lhe uma vara que viça
Mas falhou em exibi-la inteiriça
A recém esposa, bocejando com preguiça
Coçou a cabeleira postiça:
– Refere-se vossa excelência a esta reles nabiça?
Pois traga-me antes o rapaz da cavalariça!
Assim começaram os tormentos da nobre casa dos marqueses
Logo nas núpcias e a seguir todos os meses
Ele queria chicha e só levava revezes
Ela queria picha e ia atender fregueses
Ele era um velho promotor de justiça
Descendente duns Menezes
Ela uma debutante roliça
Que só dera o cu às vezes
Estudava ela para noviça
Quando despertou ao marquês a cobiça
E assim decorreram as bodas
Com assembleia maciça
Para mal dos pecados de ambos
E de suas respectivas escassezes
Logo à primeira noite se iniciou a liça
Quando a dama, esfomeada e irritadiça,
Vislumbrou com desdém a pobreza movediça
Da que antevia ser recta chouriça
Todo o inverso do que estimula e atiça
Uma curta tromba, tombada e enfermiça
Fechou-se assim a flor da maliça
O mamalhal e toda a área metediça
Ele tentava e encontrava-a dobradiça
Trancada na vasilha com uma esquiça
Não lhe deu sequer uma abaladiça
Nascera-lhe ódio ao promotor da injustiça
Claro que como tudo o que enfeitiça
O marquês enlouqueceu com a premissa
Pregou-lhe uma valente paliça
Mas nada a demoveu de dar a crica
A todos menos ele era submissa
De todos transbordava alagadiça
Iam mais a ela do que à bruxa
Só não fodia com o marido de piça murcha
Não viu o nobre outro remédio para a madame
Divorciou-a sem herança e rezou missa
Depois mandou-a para o bordel mais infame
Onde nada nem ninguém a desperdiça
Reza a história que o marquês ainda se eriça
Quando alguém o lembra da mundiça
Já a ela nunca a viram tão castiça
Hoje conhecem-na pela "dama da justiça"...
Armando Sarilhos
Armando Sarilhos
O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.
Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.
Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com