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24 février, 2022 A cativa

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A bela cativa que me pôs cativo

A cativa 01

Passava os dias debruçada no postigo

A cativa 02

Deixava os homens de queixo caído

A cativa 03

Assim mandava o fetiche do marido

A cativa 04

Ciumento, duro e possessivo

A cativa 05

Amava-a como a uma Cinderela

A cativa 06

Reservava-a para seu uso exclusivo

A cativa 07

Mas gostava de exibi-la na janela

A cativa 08

O mundo inteiro passeava nos seus olhos

A cativa 09

Acendendo-lhe as carnes e os desejos

A cativa 10

Os homens humedeciam-lhe os entrefolhos

A cativa 11

As mulheres arrepiavam-lhe os pintelhos

A cativa 12

Então já todos a conheciam

A cativa 13

A mulher que gemia na janela

A cativa 14

Desesperada, pois ninguém se atrevia

A cativa 15

A abrir a porta e dar-lhe uma encavadela

A cativa 16

Até ao dia em que tudo se alterou

A cativa 17

E um ladrão lhe assaltou as moradias

A cativa 18

Pregou-lhe uma tal enrabadela

A cativa 19

Que a cativa voou para outra freguesia

A cativa 20

Quando o marido regressou a casa

A cativa 21

Cheio de tesão de a encontrar ao fim do dia

A cativa 22

Deu com a parede esporrada

A cativa 23

E a sua bela janela vazia…

A cativa 24

FIM

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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