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04 Julio, 2018 Um pouco sobre o mundo do BDSM e dos fetiches

Muito ficará por dizer pois este é um assunto que dá pano para mangas...

Irei aqui desmistificar um pouco deste mundo do BDSM (vulgo sadomasoquismo) e dos fetiches. Pratico BDSM há 7 anos e comecei como submissa com Dono e senhor, depois passei a ser “switcher” (alguém que sabe e consegue assumir ambos os papéis de dominador(a) e submisso(a)) e mais tarde dominadora (domme) de homens e mulheres). Neste momento, a dominação que pratico é apenas a nível profissional.

Um pouco sobre o mundo do BDSM e dos fetiches

Muito ficará por dizer pois este é um assunto que dá pano para mangas...

Cada vez mais homens me procuram querendo explorar a sua faceta de submissos e querendo aprender. Tornar-se submisso é um processo, e estar nas mãos de uma dominadora que sabe o que faz ajuda neste processo de aprendizagem.

Adoro dominar, mas se queres ser bem dominado deves ter uma postura de humildade e de obediência, e permitir ser conduzido e ensinado... 

Há elementos nesta cultura que não se aprendem só lendo na teoria, mas principalmente na prática. Os livros e filmes das “Cinquenta Sombras de Grey”, embora fantásticos do ponto de vista ficcional e a aflorarem um pouco a questão do BDSM para o grande público, não são as obras que os entendidos da comunidade consideram como referência, embora seja elogiado que tal tema tenha sido trazido ao conhecimento do público e de leigos.

Um dos sites de referência para os entendidos, aficionados e curiosos sobre o mundo do BDSM é o “Fetlife”, onde pessoas de todo o mundo partilham experiências, fotos, gostos e podem até tentar encontrar alguém para uma relação de dominação-submissão (D/S).

Não há nada de doentio com as pessoas que o praticam, é uma faceta da sexualidade, uma opção, um estilo e até filosofia de vida, e de se relacionar com o outro. São pessoas normais que têm uma dinâmica íntima diferente, apenas um pouco mais kinky.

O que quer dizer BDSM?

É um acrónimo cujas iniciais significam:

  • B de bondage
  • D de dominação
  • S de Sadismo
  • M de masoquismo

A sigla descreve os maiores sub-grupos dentro do mundo underground do BDSM. A dominação e a submissão (relação D/S) trata-se de uma relação de poder, em que o submisso entrega o seu poder nas mãos de quem o domina.

Esquece o que sabes sobre sexo, BDSM não é sobre sexo, é sobre a busca de prazer. Tem o intuito de trazer prazer através da troca erótica de poder, que pode envolver ou não dor.
Uma sessão de BDSM pode ser uma experiência corporal muito intensa e sensual, e causar sensações fortes excitantes nas pessoas que os praticam.

Pode existir numa relação duradoura monogâmica (relação D/S) ou em sessões praticadas por pessoas que assumem estes papéis.

No mundo baunilha (dita “normal”, mainstream) há brincadeiras que as pessoas usam para apimentar a relação (“plays”) e que não sabem que a sua origem vem desta cultura e comunidade que está espalhada por todo o mundo e é mais predominante nuns países que outros. Estas brincadeiras de que falo e que são praticadas em relações baunilha são dar palmadas (termo spanking no BDSM), vendar, amarrar, chamar nomes, etc..

Quando falamos sobre BDSM, parece muito fácil entender a pessoa que adquire o papel dominante e como pode ser erótico ter o poder da situação de dominar. Por isso, entender o papel do submisso e como tais situações podem excitar sexualmente alguém é mais complicado para quem está de fora.

O sub tem prazer em agradar ao seu dom, obedecer e cumprir as ordens, ser humilhado e servir... O dom no seu papel que assume treina, cuida, respeita, e castiga o seu sub de forma adequada quando as suas ordens não são cumpridas.

O Dominador(a) (Dom ou domme) também chamado como TOP é aquele que exerce o poder sobre o outro - o submisso(a). O bom dominador(a) entende o conceito de dominação e não é um mero reprodutor de práticas saídas de um site ou de um vídeo. A sua experiência, a postura, o tom de voz, a maneira como comanda e conduz dir-lhe-á se é um bom dominador(a).

O dominador(a) respeita o sub e sabe exercer a sua autoridade de forma eficaz. Gosta de ser tratado por senhor, mestre, dono, no caso de dominadores homens. As dominadoras (dommes) gostam de ser tratadas por Senhora, Dona, rainha, etc.

No caso da palavra Dono(a) é mais usada quando um dom já assumiu uma relação com o/a sub.

Master é um Dominador com muita experiência adquirida ao longo de muitos anos e é um perito, que sabe ensinar e treinar um/a submisso/a com grande facilidade.

Um dos equívocos mais comuns e frustrantes sobre o BDSM é que sadomasoquismo NÃO é violência nem abuso e quem o achar está profundamente enganado.

O consentimento do que é feito durante a sessão e/ou relação é uma exigência no BDSM, existe um período de pré-negociação, em que se discute o que ambos gostam, o que não gostam e os seus limites (o que eles absolutamente não vão tolerar).

Ter uma palavra de segurança é, provavelmente, uma das normas mais importantes que se espalharam em toda a comunidade, mesmo que as pessoas as usem de maneiras diferentes.

Os praticantes de BDSM são tão estáveis emocionalmente quanto qualquer pessoa e os papéis de poder assumidos no BDSM não estão diretamente relacionados com o poder que a pessoa exerce na sua vida pessoal e profissional.

Agora aqui ficam enumeradas algumas práticas e fetiches... Existem muitos outros, sendo estes os que achei relevante mencionar:

    • Humilhação verbal - chamar nomes ofensivos femininos ou masculinos e ao fazê-lo ambos os intervenientes têm bastante prazer
    • Bondage - consiste em amarrar e imobilizar a pessoa envolvida de diversas formas
    • Spanking - acto de causar dor de forma controlada através de palmadas, palmeta, chicote, chibata, etc Pode ter três níveis: soft, médio ou hard. Para quem gosta de infligir e receber a dor, a linha de prazer e dor é muito ténue, fisiologicamente falando. O que os separa, basicamente, é a interpretação que se dá a essas sensações orgânicas. O medo, produzido pelas humilhações e as atitudes de dominação, provoca uma adrenalina automática, que é responsável pela excitação sexual.
    • Podolatria - fetiche por pés descalços ou calçados e a sua adoração que pode incluir beijar os pés, olhar para eles, massajar, lavá-los, ser pisado por eles, etc.
    • Pet play - fetiche por se comportar como um animal de estimação. Miar, latir, rosnar, ronronar, usar acessórios associados a incorporação da personagem de animal, ficar de quatro, dar a patinha e seguir o dono como um animal faz parte deste tipo de jogo erótico.
      Uso de trela e coleira em que o dominador segura a trela e o sub a coleira, pode ser feito dentro de quatro paredes ou locais onde tal seja possível.
      Acto do sub: Comer no chão enquanto dom come a mesa
      Realização de serviço doméstico por parte do sub
    • Trampling - caminhar sobre e espezinhar o sub
    • Feminilização - subs homens que gostam de ser tratados e se vestir como mulher (muito aproximado do travesty)
    • Chuva dourada - que só dá prazer se feito num contexto particular a meio da sessão, na prática trata-se de o dom urinar para cima do submisso.

Alguns dos acessórios usados podem ser:

  • Palmeta
  • Chicote
  • Cordas
  • Amarras
  • Vendas
  • Chibata
  • Bolas
  • Dildos e vibradores
  • Penas
  • Molas
  • Clamps para mamilos
  • Strap-on
  • Etc.

Espero que tenham ficado com a curiosidade mais aguçada, compreendam e respeitem quem tem gostos particulares e fetiches e quem sabe até queiram explorar a vossa sexualidade de forma mais aberta e alargada, pondo em prática aqueles fetiches secretos que gostariam de realizar mas ainda não tiveram coragem...

Aqui fica um beijo, um sussuro secreto ao ouvido e uma palmadinha onde mais gostarem....

Até para a próxima,

Diana Pereira

Diana Pereira

Diana Pereira

Escritora irreverente e crítica, com um olhar diferente sobre o mundo do sexo e da sociedade. Mulher sensual e provocadora, multi-facetada, escort de luxo, massagista, dominatrix e webcamgirl...
Alguém que irá trazer uma lufada de ar fresco e uma perspectiva inovadora. 

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