19 Agosto, 2016 María Riot, actriz porno, trabalhadora do sexo e feminista
Esta argentina de 24 anos "não papa grupos" e fala sem pêlos na língua...
Actriz porno, trabalhadora do sexo, feminista e activista pelos direitos das trabalhadoras sexuais e contra o sofrimento dos animais. Eis como se apresenta María Riot, uma beldade argentina de cabelos pretos e olhos verdes que "não papa grupos" e defende o que pensa.
De webcam girl ao porno de Erika Lust...
María Riot trabalhou em lojas de roupa, call-centers, restaurantes, supermercados e até num canal de televisão como operadora de som. Mas depois de se tornar uma webcam girl, aos 21 anos, resolveu experimentar ser trabalhadora do sexo.
O trabalho sexual era para ser uma experiência temporária, mas ela diz que percebeu que era "o que melhor se adequa à vida" que quer ter e que "nenhum outro trabalho" lhe dá a mesma "liberdade e autonomia".
Com o primeiro dinheiro que ganhou, rumou a Espanha, onde agora vive e onde começou a ser também actriz porno. Hoje trabalha com as maiores realizadoras do género porno feminista que está a crescer na Europa pelas mãos de mulheres como Erika Lust e Lucie Blush - ora espreita os vídeos ilustrativos deste novo estilo nos filmes de sexo em "Lucie faz porno para mulheres".
María Riot ainda faz parte do colectivo Ammar - Associação de Mulheres Meretrizes da Argentina em Acção pelos Nossos Direitos, uma voz activa na sociedade argentina em prol da legalização do trabalho sexual.
E além de tudo isto, prepara-se para ir tirar um curso sobre biotecnologia na conceituada Universidade de Cornell, em Nova Iorque.
Podes espreitá-la em acção no trailer que se segue do filme "If the Apocalypse Comes, F**k Me" da série XConfessions de Erika Lust...
Podes ainda vê-la e ouvi-la nos bastidores dos filmes que ela já fez para Erika Lust...
María Riot sem papas na língua
Para ficares a conhecê-la melhor e a entender a sua força como mulher, espreita os extractos que reunimos de várias entrevistas concedidas a diversos sites, onde María Riot fala do que a move no mundo do sexo.
"Todos damos o corpo quando trabalhamos. Usamos as nossas habilidades para obter o que queremos, como um meio para um fim, neste caso, económico. Nas webcams, no porno ou na prostituição usam-se os genitais, ao contrário de outros trabalhos, mas não é a única que coisa que se utiliza: tens que ser minimamente pensante, ser estratégica, criativa, ter conhecimentos básicos de marketing e de publicidade, saber lidar com situações onde te acusam de coisas muito feias pelo simples facto de tornares pública a tua decisão."
"O trabalho sexual tem prós e contras, mas há dois anos que é o trabalho que se ajusta melhor às minhas necessidades e o que me deu liberdade e possibilidades que nenhum outro me poderia dar."
"O melhor do trabalho sexual para mim é:
- a independência económica;
- a autonomia e liberdade;
- conhecer pessoas geniais e poder mover-me num ambiente despojado de preconceitos;
- ser parte de um movimento que creio revolucionário e necessário;
- poder usá-lo como mais um meio para me expressar."
"O pior do trabalho sexual para mim é:
- a estigmatização e preconceitos que a sociedade tem para com ele;
- a precariedade;
- o facto de que muitos tenham que o esconder e viver com culpa;
- a falta de visibilização do discurso de quem o exerce;
- lidar com pessoas que acham que por se trabalhar com sexo se está disposto a fazê-lo com elas porque sim."
"Os meus amigos e a minha família estão orgulhosos de mim porque faço o que quero acima de tudo. A minha mãe adora as minhas entrevistas e os meus melhores amigos são os que sabem onde estou, quando e com quem como medida de segurança."
"Ser prostituta é um trabalho que, gostes ou não, merece ter melhores condições para quem o exerce. Quando te opões a que isto aconteça, não só não estás a respeitar a decisão de milhares de pessoas em todo o mundo de fazerem o que querem com o seu corpo, mas também continuas a pô-las num lugar de vulnerabilidade, de precariedade e de criminalização."
"Fiz porno com mulheres, homens, trios e a quatro. Ainda não fiz com trans, mas está nos meus planos."
"Prefiro trabalhar com produtoras mais alternativas porque é o que se enquadra mais com os meus gostos e onde me sinto mais confortável. O porno de grande indústria tem coisas que me agradam, outras que não. Gostaria que fosse um pouco menos estereotipado, que houvesse mais variedade e inclusão de diferentes tipos de pessoas, corpos, ideias. Queria que mudasse a anulação ou a menor importância que dá ao prazer da mulher, os conteúdos sexistas ou racistas que muitas produtoras e empresas têm."
"Foder enquanto se é filmado pode ser estranho. Mas passa-me poucos segundos depois de começar a filmar... Também me excita muito que haja pessoas a ver-me tocar-me ou a fazer sexo, tenho algo de exibicionista ao fim e ao cabo."
"Tento não fingir [orgasmos]. Tanto nos vídeos como na minha vida pessoal ou com clientes, tento sempre gozar e sentir prazer. Às vezes, torna-se difícil e posso curtir sem chegar a ter um orgasmo, mas de qualquer modo não há problema: o orgasmo não é tudo na relação sexual para mim."
"Sou feminista pró-sexo. Quero o empoderamento da mulher e igualdade de bem-estar para todos os indivíduos que vivem no planeta. Que não tenhamos que lidar com mulheres que se proclamam feministas, mas que querem controlar o que outras mulheres fazem das suas vidas, do seu corpo e dos seus genitais. Há uma constante culpabilização e reforçamento do estigma das trabalhadoras sexuais e é hora de mudar isso."
Gina Maria
Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.
"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]
+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas)