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19 Septiembre, 2018 A doméstica selvagem

Armando parou na porta do terceiro esquerdo e tocou à campainha...

Vestira um roupão, para dar a ideia do vizinho que aparece por um motivo breve, e na mão levava um envelope. Sentiu uma presença a olhá-lo pela lente da porta e, segundos depois, uma mulher dos seus cinquenta anos abriu...

A doméstica selvagem

– Sim?

– Boa tarde. A menina Alice está?

– A menina saiu. Deseja alguma coisa?

Há duas semanas que preparava o terreno para conhecer as propriedades horizontais da mais recente inquilina do prédio, uma betinha tagarela com ar de ninfeta, não mais de 20 anos, nariz e rabo empinados. Armando tinha-a encontrado apenas três vezes nas escadas, suficientes para tirar um nabo da púcara e começar a pensar onde lho haveria de enfiar primeiro.

Alice, assim se chamava a “menina”, estava em pleno processo de divórcio depois de um casamento rápido com um marido mais “rápido” ainda. A pressa com que ela própria deixava cair este tipo de informação, quase sem dar tempo às palavras, revelava uma sugestiva inquietação, como se tivesse urgência em saber: “Por acaso não tem praí um caralho que me dispense, não? Um caralho duro, que se aguente por um bom bocado… Estou mesmo a precisar…”

Mas depois acrescentava coisas como:

– Tão depressa não quero ver homens à minha frente!

Este “deixar-se querer” para logo mostrar “não querer” era parte de um “jogo” que Armando conhecia de ginjeira.

– Bem, se não quer ver homens à frente, fazemos por trás…

A resposta de Armando, que o validava como parte activa do “jogo”, despertou em Alice um riso de fêmea que denunciava coisas selvagens prestes a explodir no seu corpinho selecto e de aparência frágil.

– Não seja maroto!

Todos os gestos e atitudes, as expressões que escolhia, o bronze da pele em pleno Inverno, vincavam o seu extracto social acima da média. O tipo de aperitivo que Armando sempre apreciara... Sempre o fascinou comer cona fidalga até ela gemer como a mais vulgar das putas! Porque isso confirmava que no sexo não havia divisão de classes, apenas a libertação proletária dos desejos mais viscerais. O bom sexo, o único que devia ser permitido por lei, era uma celebração de caralhos, conas, cus, mãos, línguas, bocas e fluidos, no mais perfeito e libertino exercício de democracia.

Por isso se sentiu tão desiludido com a ausência de Alice. Antecipava com delícia as frestas e orifícios que vinha desbravar, mas as urnas estavam fechadas para o seu acto democrático. Restava-lhe rematar a pantomima e ir para casa fazer justiça àquela tusa pelas próprias mãos.

– Esta carta... Chegou ao meu apartamento por engano.

Acenou com a carta que minutos antes forjara como pretexto para bater à porta e chegar a vias de facto com a rapariga.

– Um engano dos correios... – continuou.

– O costume – disse a mulher, que apesar da idade mantinha um ar de vistosa saúde.

– Pois é... – acrescentou Armando, hesitante, pensando porque raios ainda estava ali.

– Quer deixá-la comigo? Eu encarrego-me de lha entregar.

– Com certeza.

Aceitou, mas por qualquer motivo manteve o envelope na mão. Começava a perceber, com alguma surpresa, que o desânimo não lhe descera às partes baixas. Na falta de especiaria juvenil, as curvas daquela cinquentona voltaram a acordar-lhe o caralho que, com impulsos impertinentes dentro das cuecas, parecia reclamar atenção.

Assim, em vez de fechar a conversa deu por si a arrastá-la.

– Trabalha aqui?

– Sim, desde que a menina mudou. Só venho duas vezes por semana.

– Isso explica porque não a tinha visto ainda. Aqui conhece-se toda a gente, sabe? Posso saber o seu nome?

Armando ganhava tempo para analisar a presença à sua frente, mas concluía, frustrado, resultados pouco animadores. Era uma mulher notoriamente satisfeita, realizada, talvez com pouca variedade, mas certamente com regularidade. Não seria fácil, mas também não lhe parecia desesperante. A verdade é que tinha descido com a ideia-fixa da pele fresca e de uma cona e de um cu ajustadinhos, mas estava já em pleno processo de assimilação de uma expectativa diferente.

– Chamo-me Augusta. Sim, é um bairro muito agradável.

Em quanto a atributos físicos, nada havia a apontar. Era um espécime maduro com um daqueles corpos robustos mas ao mesmo tempo delicados. Era alta o suficiente para foder de pé, cabelo comprido com rabo-de-cavalo (dá sempre jeito ter umas rédeas para a montaria traseira), tinha belas ancas, uns seios pequenos e uns lábios carnudos, apetitosos, bons para mamar...

– Sim, sossegado e de boa gente.

– E de boa gente, não há dúvida. Já disse ao meu marido que seria bom viver aqui. Até para os miúdos, com o parque aí à frente e tudo...

Armando vislumbrou a luz que os seus olhos cegos procuravam ao fundo do túnel. A menção ao facto de ser casada, uma defesa inconsciente típica das mulheres, significava que reconhecia o confronto entre presa e caçador. Percebia que estava diante de um macho desconhecido, perigoso mas por isso excitante. E, por um segundo, essa constatação fê-la baixar a guarda. Um mínimo lapso involuntário, uma pequena desconcentração ilustrada pelo passear da língua no lábio superior, criaram a aberta que Armando esperava para desferir o seu ataque. Sem mais preliminares, apertou Augusta pela cintura, de forma a fazê-la sentir o volume do caralho entre as suas pernas, e disse-lhe ao ouvido as “palavras mágicas”:

– Tu não sabes, mas estás maluca por que eu te foda toda. Estás doida para que eu enfie este caralho na tua cona, no teu cu, na tua garganta, nos teus ouvidos, nas tuas fossas nasais... Estás desejosa que eu te esgravate cada poro, que rebente todos os buracos que tens a latejar no teu corpo de cadela com cio!

 A mulher ouviu-o em silêncio, de olhos muito abertos, e no fim engoliu em seco. Armando empurrou-a para dentro de casa e fechou a porta atrás de si.

Augusta, a doméstica que rapidamente se transfigurara em selvagem, não ofereceu outra resistência que a verbal do costume nestas ocasiões:

– Eu sou casada...

– Já me disse. Segure aqui, se faz favor.

Armando encostara-a à mesa do telefone, levantara-lhe a saia e dava-lhe uma ponta para segurar. Tinha-a agora de saia ao léu e de pernas abertas. Tirou um pequeno canivete do bolso (parecia mais um bisturi) puxou-lhe as cuecas na zona dos pintelhos, que ela tinha fartos, aplicou-lhe um corte cirúrgico e com um dedo abriu um pouco o buraco.

Depois de abrir o roupão e descer as cuecas, puxou-a à frente pelas pernas, para centrar a cona, e com dois dedos de cada lado abriu-lhe os lábios vaginais, já completamente ensopados.

– Com licença – disse, metendo-lhe o caralho com força.

Augusta deu um pequeno grito seco e começou imediatamente a arfar. Armando meteu-lho fundo, primeiro, e depois tirou-o até ficar apenas com a cabeça na janela. Voltou a enfiar-lho até ao fim, com força, e com uma rapidez suave a tirá-lo até ficar de novo na orla da cona. Com a mão fez o caralho passear à volta dos lábios, levando-o de quando em vez ao clitóris. Ao fim de cinco minutos neste entretém, Augusta revirava os olhos e gemia como uma maluca:

– Ah... ah... ah... ó deus... eu sou casada... ó deus... ah... ah... ãah...

Armando começou então a meter-lho e a tirar-lho, a meter-lho e a tirar-lho, num vai e vem em ritmo de valsa que logo transformou em bossa nova e depois em foxtrot. A mulher tivera um primeiro orgasmo quase instantâneo assim que a frequência do movimento se tornou regular, e vinha-se agora de novo, sempre a invocar o nome do bom deus nosso senhor.

– Oh meu deus, meu deus, meu deus... ãah... ãah... ãah

Uma vez por outra balbuciava uma indicação:

– As mamas... ãah... ãah... ãah... chupa-me as mamas... ãah... ãah... ãah

Quando via o que estava a dizer, horrorizava-se debilmente.

– Oh deus, eu nunca falei assim, estas coisas... ãah... ãah... ãah... Oh deus...

Dava ao cu com boa vontade e condizente sabedoria. Via-se que sabia foder e que gostava.

– Ãah... ãah... ãah... Agora devagar... ãah... ãah... ãah...

E outras vezes depressa e outras nem tanto ao mar nem tanto à terra, e vice-versa e etc. Armando não se veio na cona dela. Gostava duma passagem por todos os buracos antes de se esporrar num deles.

Saiu-se dela e virou-a. Augusta rodopiou voluntariamente, porque esperava que ele lho fosse meter à canzana, mas quando sentiu que ele lhe aplicava novo golpe de canivete nas cuecas, na zona do ânus, alarmou-se e debateu-se.

– Aí não! Aí nunca fiz...!

– Ora precisamente – alegrou-se Armando, que contava com isso mesmo.

Mas a mulher quis fugir dele, pelo que não teve outro remédio senão agarrá-la com firmeza e, em vez de usar o golpe que já tinha feito, puxou-lhe as cuecas para baixo. Meteu-lhe dois dedos na cona e com o óleo que tirou dela untou-lhe as bordas do cu. Augusta resistia, comprimia-se, impedindo-o de meter-se nela. Então, com a mão solta, Armando buscou-lhe o clitóris e com perícia fê-la começar a pulsar, a contrair e descontrair ritmadamente ambos os orifícios, o principal e o anexo, como piscas traseiros de um automóvel em segunda mão. Num desses soluços, com o olho sujo bem aberto e desimpedido, aproveitou para dum só golpe enfiar o caralho todo no que até então fora porta apenas de saída. 

Augusta deixou escapar um guincho perceptível de dor e uma lágrima correu-lhe pela face. Armando ia e vinha, ia e vinha, devagar mas com assertividade, e tanto foi e tanto veio que os gritos da mulher deixaram de ser de dor para passarem a ser de um gozo absoluto, o gozo do gosto novo daquela coisa viva a infiltrar-se brutalmente pelas pregas do seu cu.

– Estou-me a vir pelo cu... oh deus... oh deus... dá-me...  dá-me... dá-me ... estou-me a vir pelo cu... ãah... ãah... ãah... oh deus...

Veio-se outra vez e Armando sentiu as pernas dela tremerem. Estava satisfeita como uma mulher verdadeira, aquela que gosta realmente de foder.

– Gostas de levar no cu, não gostas? Ãh? Gostas de ser bem enrabada, e ser enrabada e pôr os cornos ao teu marido ainda é melhor, não é?

Armando agarrava-lhe na trança de cabelos, fazendo-a levantar a cabeça, e continuava a bombear dentro do cu dela, falando-lhe em cima do orgasmo, como se o adornasse. E de facto aquilo excitava-a e fazia-a berrar mais ainda.

Quando se acalmou, Armando pensou nos lábios dela. “Bons para mamar...”, e virou-a de novo e, com uma mão na nuca dela, obrigou-a a baixar-se até o nariz lhe bater na cabeça do caralho.

– Gostas de broche? Costumas mamar no pau do teu marido?

Augusta falava agora numa linguagem esquisita, nunca inventada, uma fala só de monossílabos. A sua voz não era de todo uma voz, era uma espécie de rugido, um esgar de demência. Ao fim de várias insistências de Armando, lá conseguiu balbuciar:

– Às vezes...

– Às vezes?! Não gostas do caralho do teu marido? Não gostas de chupar a esporra dele e de a sentir pela garganta abaixo? É melhor que um café com natas, não é puta? Melhor que um cappuccino!

Mas ela não respondeu, pois enquanto ele falava já ela o abocanhara, desvairada.

Até que, sem poder aguentar mais, Armando veio-se como um touro na boca dela. Augusta sentiu-o quente e abundante descer pela garganta. O caralho dele fremia na boca dela, e ela chupava-o ao mesmo tempo, arrancando-lhe indescritíveis gritos de prazer.

Quando acabou de se vir, Armando deixou-se cair num sofá. Augusta caiu de joelhos, à sua frente, a escorrer da boca, da cona, do cu e dos sovacos. Armando procurou-a e beijou-a, e quando o fez ela devolveu para a boca dele algum do seu próprio esperma. Então ele puxou-a para si e lambeu-lhe a cona e lambeu-lhe o cu, e lambeu e esfregou e lambeu e lambeu, até que Augusta se veio novamente, atirando-se para o chão num estado de absoluta quietude.

Deitado perto dela, Armando olhou para o seu caralho. Estava regalado como um bebé que comeu e arrotou. Pensava agora como a “menina” Alice, em toda a sua frescura e inexperiência, jamais o teria levado a um êxtase tão total como Augusta, a doméstica selvagem, conseguiu. E sorriu. Que coisa curiosa, a vida...

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

Armando Sarilhos

O cérebro é o órgão sexual mais poderoso do ser humano. É nele que tudo começa: os nossos desejos, as nossas fantasias, os nossos devaneios. Por isso me atiro às histórias como me atiro ao sexo: de cabeça.

Na escrita é a mente que viaja, mas a resposta física é real. Assim como no sexo, tudo é animal, mas com ciência. Aqui só com palavras. Mas com a mesma tesão.

Críticas, sugestões para contos ou outras, contactar: armando.sarilhos.xx@gmail.com

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