28 October, 2023 Devo dizer aos meus filhos que sou trabalhadora do sexo?
Possivelmente não!
Muitas trabalhadoras do sexo se debatem com esta questão e é justo, pois é uma decisão que requer muito pensamento e muita responsabilidade. A maior parte acaba por não dizer porque fica na dúvida e não consegue tomar uma decisão, mas mesmo assim, fica com isto nos ombros, com aquela sensação de vergonha e culpa – com o peso de não ter chegado a uma resposta sobre isso. Então, como vamos desmontar isto?Prostituição Antes do 25 de Abril (Grande Reportagem)
Vamos começar por pensar em como a sociedade vê a prostituição.
Podem dizer o que quiserem em relação a isso! Podem dizer que estamos no Século XXI, podem dizer que é mais bem aceite do que era antigamente e afins. Não passa mesmo DA GRANDE MENTIRA!
Se formos olhar a história da prostituição em Portugal, podemos ver que tem andado para a frente e para trás. Na altura de Salazar, tinham uma espécie de carteira de identidade que as obrigava a serem vistas por médicos por causa do risco de doenças transmissíveis. A própria Severa, personagem tão patente ainda nos dias de hoje, morreu de tuberculose dentro da casa onde se prostituía.
Em 1963, foi novamente proibida a prostituição, e depois, em 1983, foi declarada aceitável desde que não houvesse lenocínio.
Como podem ver, isto, desde os tempos antigos, que anda para a frente e para trás, e nunca ninguém decide o que fazer com este assunto tão sensível à sociedade.
Nos dias de hoje, continua a não haver decisão em relação às trabalhadoras do sexo em todas as formas existentes! Ninguém sabe o que fazer com este assunto sensível, porque há interferências/crenças que acompanham um coletivo de pessoas/parlamento, onde cada partido tem as suas próprias crenças, incutidas pela sua educação e crenças religiosas.
Tal como eles, esses coletivos/mini-sociedades também estão inseridas no meio onde os vossos filhos estão e fazem parte! Por certo, nos papéis onde têm de preencher o trabalho da mãe ou do pai, não vão lá colocar “trabalhadora do sexo”, ou até mesmo quando colegas, namorados, perguntam aos seus filhos qual o vosso trabalho.
Ahh, mas eu já dísse aos meus filhos que sou trabalhadora do sexo!
Pergunto eu agora: E que escolha eles tiveram? Nenhuma! Eles não podem mudar de mãe ou de pai!
Quem lhe deu o direito de revelar tal informação tão poderosa e colocá-la nas mãos dos seus filhos? Poderosa, porque a própria sociedade não se decide e é de tal controvérsia que pode atingir os seus filhos emocionalmente.
Os filhos iram dizer aos pais que estão OK com a situação, mas depois reagem de forma diferente na sociedade, escola, amigos, relações amorosas. Eu acredito piamente que, na verdade, gera muita confusão emocional nas cabeças destes adolescentes que não tiveram escolha! Estas crianças e adolescentes amam os seus pais de forma incondicional, então porque foi você condicioná-los?
O mais grave ainda é quando inserem, de forma indireta, os filhos no Trabalho Sexual, a terem um papel qualquer no mundo do sexo. Não é prostituí-los, volto a sublinhar, é terem um papel qualquer, como por exemplo uma simples edição de fotos!
Verifique então o seguinte:
- O seu filho ou filha terminou os estudos?
- O seu filho ou filha é sociável ou isola-se mais?
- Os seus filhos comem demais ou demonstram alguns comportamentos compulsivos e obsessivos?
- Têm amigos? Se têm, eles escondem a sua verdade?
Possivelmente, em vez de lhes comprar roupa de marca, o melhor seria tirar uma semana para se sentar e analisar a vida dos seus filhos para poder perceber se tomou uma boa ou má decisão!
Possivelmente, deveria fazer isso, a não ser que você mesma seja uma “criança quebrada/broken child” que nunca olhou seriamente para a sua infância e decidiu ser uma sobrevivente que só reage e não age.
Sendo assim, dificilmente você vai tirar uma semana para observar o impacto que teve nos seus filhos, pois acredita que que é uma grande mulher, sobrevivente e o que interessa é o dinheiro e as marcas para compensar o vazio interior, e compensar esse olhar sempre tão triste, onde até se pode ver a alma, uma alma que não sabe sorrir, que se veste de Gucci em cima de tanta dor emocional nunca revista!
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