28 June, 2021 Lucky - Parte I
O meu corpo tremia por todos os lados...
Fui surpreendida com um fim-de-semana prolongado. Não o esperava, ele não me tinha dado nenhuma ideia do que me esperava.
Três dias de loucura. Fui mesmo apanhada desprevenida.
Faz quatro anos que estou numa relação com o Alonso, um homem charmoso e com um pingo de mistério sobre si. Ainda hoje descubro coisas sobre si que me deixam boquiaberta.
Encontramo-nos num acaso. Uma noite que eu tinha combinado com uns amigos num bar, mas apenas depois de já eu estar no bar é que me comunicam que ninguém iria aparecer como estipulado. Fico em brasa. Poderiam ter-me avisado antes, mas enfim… Fico sentada ao balcão do bar a terminar o copo de vinho que tinha pedido à pouco tempo. Olho à minha volta. Observando o que me rodeia, pelo menos ia limpando as vistas. Olhei, olhei e nada me saltava à vista.
Terminado o copo de vinho, peço um shot de tequila antes de me ir embora. Bebo-o numa assentada. Quero sentir o meu corpo relaxar, pois estou fora do meu ambiente – sozinha num bar. Não estou habituada a tal coisa e sinto-me um pouco desconfortável.
Pago a minha conta e ao começar a afastar-me do balcão, sem dar conta de como tal coisa aconteceu, dou um encontrão em alguém e derramo-lhe a bebida em cima.
- Peço imensa desculpa. – digo enquanto olho para o líquido espalhado no chão.
- Não tem mal. A culpa foi minha.
Foi quando o ouvi que os meus olhos prenderam nos dele. Sinto-me a ficar petrificada. Tento dar o meu melhor para ele não perceber que me sinto atrapalhada com aquela situação toda. Ele pega num guardanapo e limpa a camisa.
- Deixa-me pagar-te outra bebida. – digo-lhe.
- Não. Não tem importância.
- Não, eu insisto.
Chamo o empregado.
- O que estavas a beber? – pergunto-lhe.
- Macallan. Sem gelo. – diz-me.
Repito as suas palavras ao empregado.
- Quanto é? – questiono o empregado quando este entrega o copo.
Quando ele me diz o preço, cai-me tudo. Fico parva quando o homem me pede trinta euros por um copo de whisky! Procuro o cartão atrapalhadamente na minha carteira.
- Não precisas. Eu pago.
- Não, nada disso. – digo-lhe.
Quando finalmente alcanço o cartão, estico-o em direcção do empregado. Estava difícil de encontrar o malandro no meio de tanta papelada e a iluminação do bar também não ajudava em nada.
Com o copo na mão e eu com a conta paga digo-lhe:
- Boa noite.
Estou prestes a direcionar-me para a porta do estabelecimento quando me agarra no pulso, eu olho para a sua mão a agarrar-me no pulso com vigor e a pensar o quanto ele foi audaz naquele momento, e diz-me:
- Vens cá muitas vezes?
Demoro a responder-lhe, pois os meus olhos fixaram-se na sua mão sobre a minha pele. Ele entende que ultrapassou os limites e diz-me:
- Só faço é merda.
Fico a olha-lo durante uns momentos até que lhe digo:
- Não é um movimento muito correto a ter quando nem nos conhecemos.
- Só queria saber… Mas tens que ir já? – deu uma pausa até que continua – Não quero de qualquer forma que aches que fui indiscreto.
- Foste um pouco sim.
- É que sou novo aqui nas bandas…e.… Já agora não queres ficar um pouco, fazer-me companhia visto que já me pagaste a bebida.
Detenho-me um pouco, mas depois de o olhar bem pensei “porque não?”, visto que também já tinha dado como terminada a minha noite. Aceito a sua proposta. Encontrámos uma mesa vazia e encaminhamo-nos para ela. Quando me sento ele questiona-me:
- O que queres beber?
- Surpreende-me. – digo-lhe.
Ele abre os olhos, parece que não percebeu o que lhe disse. Detém-se durante uns momentos até que me diz:
- Eu vi que estavas a beber um copo de vinho. É isso que queres?
- Surpreende-me. – digo-lhe enquanto acendo um cigarro.
Ele volta com um copo de vinho, mas eu nem quero saber de que vinho se trata. Os meus olhos seguiam cada movimento que fazia. Aquele homenzarrão caiu-me do céu!
A conversa fluía de tal maneira que não nos apercebemos das horas a passarem. Conversa atrás de conversa e ainda não tínhamos mencionado o nome de ambos.
Para o final da noite, apareceu um DJ que começou a colocar música latina. Com uns bons copos em cima, quando dei por mim, as minhas ancas rodopiavam sobre a cadeira. Apetece-me dançar. Mas primeiro tenho que ir à casa-de-banho. Digo-lhe que tinha que me ausentar durante uns momentos.
Entro na casa-de-banho das mulheres e uma coisa impossível de se ver: uma casa-de-banho vazia. Estou a aliviar-me, quando oiço alguém entrar na casa-de-banho, mas algo me inquieta, pois oiço que trancaram a porta. Respiro fundo e tento controlar as emoções, pois pode ser apenas uma mulher que se quer assegurar que não entra nenhum destemido.
Abro a porta, ainda ajeitando a saia, quando olho em direcção ao lavatório vejo-o encostado de braços cruzados, com um olhar ardente a olhar-me de alto a cima.
- Que fazes aqui? – pergunto-lhe admirada.
- Estavas a demorar muito. – diz-me enquanto passa a língua pelos seus lábios carnudos.
Vou em direcção ao lavatório para lavar as mãos. Ao fazê-lo ele agarra-me numa mão e faz com que eu dê uma volta, quase como numa dança, e encosta a sua cintura sobre a minha, pressionando o pénis bem vistoso contra a minha coxa. As nossas respirações tornam-se pesadas e irregulares.
Não sei o que me deu, mas deixei-me ir com o calor do momento.
Beijamo-nos, as nossas mãos vagueavam sem caminho definido ao longo dos nossos corpos e tentavam penetrar pelas roupas justas procurando expor a pele.
Desapertou-me a camisa expondo o meu peito e eu não me consegui parar e tive que lhe tirar a camisa. Os seus braços eram de tirar a respiração.
Estávamos de tal forma envolvidos no momento que nos esquecemos de onde estávamos. Fomos então interrompidos.
- Abre a porta estou aflita, minha! – dizia a voz meio arrastada do outro lado da porta.
- Vou já!
Salto de cima do lavatório, ajeitamos a roupa e eu vou abrir a porta. Assim que o faço a mulher corre para uma das portas. Nem deu conta que estava um homem dentro da casa-de-banho das mulheres.
Eu olho para ele e trocamos uns risos. Depois de arranjados, voltámos para a nossa mesa.
Parece mentira, mas só apenas quando ele me acompanhou até ao carro é que me disse finamente o seu nome. Alonso. Um nome associado a uma noite que eu não queria que terminasse. Os meus olhos não conseguem deixar de o mirar.
A noite em que conheci o Alonso parecia saída de uma telenovela ou até de um romance lamechas. Eu nunca esperei que tal coisa realmente fosse acontecer, especialmente comigo.
O Alonso não perdeu tempo. Antes de partir tinha-lhe dado o meu contacto telefónico, mas não esperava que me contactasse tão cedo. Estava a abrir a porta de casa quando sinto o meu telemóvel a vibrar. Pensei que seria algumas notificações de e-mail ou então dos joguinhos que tenho no meu telemóvel. O álcool no meu sistema e a noite arrebatadora que tive fez-me esquecer da mini-vibração que o telemóvel tinha feito.
Dispo-me e antes de me deitar penso em ir tomar primeiro um duche. Queria tirar o cheiro a tabaco que o cabelo emanava. Até me deixava meio atordoada.
Um duche rápido, pois já eram perto das seis da manhã quando finamente repouso a minha cabeça sobre a almofada. Busco o meu telemóvel, mas esqueci-me dele dentro da mala. “Agora já não me levanto”, penso. Desligo a luz do candeeiro que estava sobre a mesa de cabeceira, viro-me para o outro lado e deixo-me adormecer que nem uma criança que ficou sem energia depois de um longo dia.
Na manhã seguinte, dei graças a Deus por ser sábado senão tinha chegado bastante atrasada ao trabalho. Olho para o relógio com um pouco de dificuldade. Oiço os vizinhos de baixo a discutir. “Uma manhã igual a tantas outras”, penso enquanto coloco a mão na cabeça.
“Que puta de dor de cabeça!”
Fecho os olhos, numa tentativa falhada de amenizar a dor, mas os gritos da vizinha para com o marido não me ajudavam em nada.
Saio da cama em direcção à casa-de-banho. Olho-me ao espelho e digo:
- Olha só para o teu estado!
Parecia que tinha sido atropelada por um camião. Que olheiras!
Tomo um pequeno-almoço almoçarado , mas mais valia chamar-lhe lanche devido às horas tardias.
Sento-me no sofá, coloco um episódio de Brooklyn Nine-Nine a dar na Netflix, numa de me entreter enquanto comia, mas lembro-me pouco depois do episódio começar de ir buscar, finalmente, o telemóvel à minha mala. Agarro-o e só depois de me sentar novamente no sofá é que dedico a minha atenção às notificações que tinha a aparecer-me no ecrã do telemóvel. Fico abismada ao ver que o Alonso me tinha enviado ainda na noite anterior uma mensagem!
“Quero-te ver novamente”, escreveu-me.
Ao ler a sua mensagem o meu coração estremece. Pareço uma miúda aos pulos no sofá, mas não me alonguei muito, pois ainda estava com a cabeça a latejar.
Escrevo e apago. Rescrevo e apago. Detenho-me a olhar para a sua mensagem durante uns bons momentos até que finalmente sei o que lhe escrever.
O início da nossa relação foi inesquecível, pois era mesmo tirado dos contos de fadas, nunca me tinham tratado da mesma forma como ele o fazia. Sentia-me uma princesa de cada vez que estava com ele.
Ao fim de alguns meses de encontros constantes, ele deu o passo de me questionar se queria tornar aquela brincadeira em algo mais sério. Fez essa questão enquanto jantávamos num restaurante de tirar a respiração a qualquer pessoa.
O interior do restaurante parecia retirado de um filme do James Bond. Imensos candelabros, uns gigantescos cortinados de veludo negros, quadros expostos em cada parede e para culminar uma paisagem privilegiada sobre o Rio Tejo. Fiquei sem respiração, quando me faz a questão logo ao início da refeição, quando coloca em cima da mesa uma pequena caixa que lentamente encaminha na minha direcção. Sinto o meu coração na garganta. Não aguento, só me apetece gritar.
- O que me dizes? – pergunta-me enquanto abro a caixa para ver o que estava no seu interior.
Os meus olhos enchem-se de lágrimas ao ver um colar com um pendente tão lindo, tão o meu ar e tãoooo caro!
- Não gostaste? --pergunta-me.
Eu não me consigo conter. Saio da minha cadeira e vou ao seu encontro. Abraço-o, acabando por me sentar no seu colo.
- Obrigada- – digo-lhe ao ouvido.
Ele afasta-me um pouco para me olhar nos olhos e diz-me:
- E a resposta é?
- Claro que sim! Seu tolo!
Coloco as minhas mãos sobre o seu rosto e dou-lhe um beijo caloroso. Nem queria acreditar no que tinha acabado de acontecer. O meu corpo tremia por todos os lados. Afasta-me de si e questiona-me:
- Não o queres meter?
- Ah … Sim, claro que sim.
Pediu-me que segurasse no cabelo para conseguir colocar o colar. Enquanto o fazia eu fixei o meu olhar no pendente. Joia mais bonita, nunca eu pensei ter tal apetrecho. Coisas daquelas só mesmo nas celebridades ou até na Princesa Diana. Não consegui me conter e deixei escapar uma lágrima.
- Porque choras? – pergunta-me assim que me sento no meu lugar novamente, pois vê que limpo desajeitadamente a cara, a ver se não estragava a maquilhagem.
- Não é por tristeza, podes apostar.
Não fazia mesmo ideia do cinema em que me ia colocar.
O resto da noite foi perfeita. Depois de uma voltinha à beira-rio ele queria deixar-me em casa e dar por terminada a noite, mas eu não queria e nem permiti que tal coisa acontecesse. Disse-lhe para estacionar o carro que dali ele só sairia no dia seguinte.
Assim que o tenho dentro das minhas quatro paredes, foi impossível negar o desejo ardente. Puxei-o para o meu quarto e fiz com que ele se deitasse na cama. Queria-o tanto quanto ele me queria a mim. Tive que o ter.
Foi um óptimo culminar para uma noite que ninguém conseguiria nem sequer sonhar, não nos tempos de agora. Eu ainda não consigo acreditar na sorte que tive.
Este homem deixa-me fora de mim.
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...