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23 April, 2021 Deixei de ser camgirl 11 anos depois!

O meu telemóvel de serviço foi para o lixo. Tenho apenas o WhatsApp para venda de vídeos.

O ano passado, por esta altura, estava aqui a publicar um artigo em comemoração aos meus 10 anos como camgirl e hoje, um ano depois, dou por terminado o meu trabalho enquanto camgirl.

Deixei de ser camgirl 11 anos depois!

Quem vai acompanhando os meus textos sabe que a razão é o meu estado de saúde. Pelo menos, essa foi a gota que fez transbordar o copo porque há algum tempo que eu dizia que queria deixar os shows. Mas tinha sempre mil desculpas para não o fazer e agora essas desculpas acabaram.

Não sou mais feliz a mostrar-me nua na net, deixou de ser divertido ou prazeroso, não tem mais a ver comigo e, por isso, simplesmente não quero mais fazê-lo.

O meu telemóvel de serviço foi, literalmente, para o lixo. Tenho apenas o WhatsApp instalado no meu pessoal para venda de vídeos.

Sim! Continuarei a ter anúncios e o meu site publicitando apenas a venda de vídeos ou artigos de sex shop.

Mantenho a venda de vídeos porque, durante 11 anos, criei conteúdo que já está feito, centenas e centenas de vídeos, que, por enquanto, não fazem sentido apagar ou ficarem só guardados no PC. Por isso, continuarão a ser comercializados enquanto fizer sentido para mim.

De fora ficaram shows na webcam, sexfone e coisas do género. Claro que é fácil para mim escrever aqui e agora, não quero mais, enquanto ainda tenho dinheiro para as contas. Quando acabar, provavelmente sentirei falta - não dos shows ,mas do dinheiro que ganhava.

Mas há 11 anos, eu não tinha dinheiro na conta, morava numa cave dos subúrbios de Lisboa, sem gás ou mobília, e do nada criei a TugaEris. E durante 11 anos, não passei necessidades. Se mais tarde voltar a passar necessidades, tenho a certeza que me irei reinventar e criar qualquer outro projeto que me trará o mesmo sucesso e quem sabe, mais alegrias.

Com relação ao meu estado de saúde, encontro-me em recuperação, com calma e paciência, sem pensar muito no futuro e vivendo o hoje.

Após ter escrito o texto aqui onde contava a minha situação, recebi várias mensagens de apoio e preocupação, o que agradeço. Mas recebi uma mensagem de uma colega que dizia que eu não devia ter escrito aqui o que se passava porque este meio era cruel e existiam pessoas que estavam a gozar com a situação e a desejar-me mal. Por isso, que eu não devia ter escrito nada.

A mim não me chegou nenhuma conversa ou mensagem onde alguém gozasse com o meu estado de saúde, não sei se alguém o fez ou não, mas se sim, não sou eu que estou errada em falar do assunto e sim quem possa ter comentado em modo depreciativo. Eu vivo com as minhas atitudes, só essas eu posso controlar, as dos outros não!
E cada um terá de viver com a sua consciência e com os seus atos.

Eu há muitos anos que escrevo neste espaço e se é verdade que, muitas vezes, usei este tempo de antena para publicitar produtos e serviços, usei maioritariamente para escrever o que me vem na alma, o bom e o mau, porque, como profissional do sexo e blogger, o que procuro dar a conhecer é a minha vida e não um floreado para vender.

Vender é fácil: escreves textos de foda que é o que os homens querem ler. Não são estas balelas todas que mal passam do primeiro parágrafo porque não envolve cu ou mamas.

Mas este site não é só para homens e não é só para eles que escrevo. Enquanto profissional, gosto de ler o que se passa com as outras profissionais, o bom e o mau. Se eu há uns meses atrás tivesse lido algum texto sobre a tiróide de alguma colega ou associação, não tenham dúvidas de que tinha ido fazer um exame e, provavelmente, teria evitado o estado em que estou hoje. E foi nisso que pensei, num alerta, num desabafo, porque quando se vive com uma doença 24 horas por dia não se consegue pensar, falar ou escrever sobre mais nada. Da mesma forma que já vivi o sexo virtual de forma intensa que só pensava nisto, agora vivo a doença.

Sei que algumas pessoas possam ter achado que me estava a vitimar até porque, por norma, o tumor da tiróide é tratável e simples e o meu é, digamos, mais complexo. Mas não estava de todo a vitimizar-me, não seria sequer necessário porque quando tens um cartão IPO, um grau de invalidez, um penso que te ocupa todo o pescoço, toda a sociedade te irá sempre ver com pena - e acreditem, esse é um olhar que não é bom sentir de ninguém!

Por isso, a última coisa que quero é escrever textos para alguém ter pena de mim ou que este mundo do sexo tenha pena porque, independentemente do desfecho, esse é um sentimento com o qual terei de viver por parte do olhar de todos os que se cruzam comigo, dos amigos, da família - pena e dor. Não preciso acrescentar, quem não me conhece de verdade, nem nunca se cruzou comigo.

O objetivo dos textos é exclusivamente o alerta e o desabafo porque é difícil escrever sobre outra coisa quando só se pensa nisso - nada mais.

Acredito que vou superar tudo isto! E vou-me tornar uma pessoa melhor e mais forte!
Hoje sei exatamente quem sou e o que quero e isso já é mais do que aquilo que sabia há um ano quando andava meio que anestesiada e perdida.

Se alguém ficar feliz e comentar em algum lado em modo felicidade o facto de eu ter deixado de ser camgirl, não levarei a mal porque eu também estou feliz e aliviada por ter finalmente chegado ao fim.

Li um livro recentemente com um titulo muito sugestivo: Foi na queda que aprendi a voar!

Bom fim de semana,
www.tugaeriscam.com

TugaEris

TugaEris

TugaEris
 
Mulher fascinada pelo mundo do sexo e tudo o que rodeia procurando dar a conhecê-lo através da escrita. 
 

 

 

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