23 August, 2024 Mentes Conectadas: De ansiedade e de rememorar
Pode ser necessária alguma ginástica mental para chegar às causas inconscientes da ansiedade.
Como tem vindo a ser habitual, o nosso leitor voltou a responder e cá estou eu para que a nossa converse continue. Desde já, quero agradecer aos restantes leitores pelos emails que tenho recebido, a dizer que estão a gostar muito destas conversas. Fico grata por todo este carinho e pelo vosso interesse nesta autodescoberta de algo tão belo e valioso.
Sem mais demoras, vou então apresentar a resposta do nosso leitor ao artigo anterior intitulado "Mentes Conectadas: A conversa com o leitor controlado pelos pais":
Disse-me que “gostaria de começar pela sua primeira resposta sobre o controle dos seus pais”, e pediu-me para “a reler” e para dizer o que acho.
Sendo sincero, não entendo o que quer dizer com isso!
Depois, perguntou-me se não considero que “ansiedade” e “ataques de pânico” são formas de “dor emocional”, e questionou de onde é que podem vir.
Sim, a ansiedade pode ser considerada como dor emocional se for algo persistente e afetar a vida quotidiana, diariamente. Já os ataques de pânico, vejo-os como o culminar, ou resultado, de elementos que causam a ansiedade.
Mas, pelas poucas palavras que troquei com essa mulher, nesse encontro com uma trabalhadora do sexo, deu-me a entender que é algo muito raro, e nunca falámos sobre o que lhe causa isso!
No meu caso, antes, a ansiedade era causada por eventos de grande importância, tal como testes escolares. Agora que essa fase passou, isso estendeu-se a mais áreas, como as interações sociais, quer com pessoas conhecidas, ou desconhecidas, e também na incógnita quanto ao futuro.
Em situações com pessoas desconhecidas, evito olhar, falar - e se tiver de o fazer, uso sempre a segunda pessoa do plural, o que às vezes causa algumas situações engraçadas para quem está de fora - e tento fugir o quanto antes!
Com pessoas conhecidas (familiares), a situação não é muito diferente, tirando o fato de que se for obrigado a estar entre elas, eu desligo por completo - não mexo, não olho, não ouço, não respondo a nada, nem a ninguém.
Na questão do futuro, ponho-me a calcular onde irei estar, o que irá acontecer até lá, imaginando todos os cenários possíveis com a informação que tenho de momento, mas não são nada bonitos. Depois, lembro-me que são só mais dois anos e essa preocupação acaba!
Também me disse que gostava de saber quais são as “qualidades emocionais” que vejo nessa mulher, para além do aspeto físico dela, que a tornam no “quadro completo” do meu “ideal de mulher”.
Relembro-lhe que só estive com ela uma vez, e até foi mais do que eu esperava que fosse. Por isso, posso falhar um pouco no que vou dizer.
Ela mostrou empatia e preocupação comigo. Quando lhe contei uma certa coisa, ela tentou consolar-me, mostrando que havia solução e partilhando coisas do passado dela comigo, tentando fazer-me rir e acreditar num futuro. Contou-me os objetivos dela para o futuro próximo e pequenas coisas que aprecia na vida. Ela tem alegria nela.
Não sei bem como responder aqui. Nunca pensei sobre isso porque nunca foi uma possibilidade, sem querer deixei isso para um futuro.
Mas posso dizer que gostei do que vi naquele dia. Agora, não sei se aquilo é verdade, ou apenas uma máscara, mas vou pensar que é verdade.
Perguntou-me ainda se cheguei a fazer consultas continuadas com um psicólogo, ou se foi só “uma conversa breve”.
Respondo-lhe que foi algo breve, para esclarecimento de algumas dúvidas e suspeitas. Não tenho condições e, provavelmente, nunca faria consultas!
Também me perguntou que livros li e o que pesquisei, que tipo de informação obtive. Digo-lhe que não li livros, apenas pequenos artigos e entrevistas.
O que andei a pesquisar foram alguns pontos que os psicólogos me indicaram, outros foram artigos de saúde e por aí adiante. Claro que há uma probabilidade de estar um pouco errado.
O que fiz com essa informação é o mesmo que faço com toda a outra: armazeno-a para usar mais tarde! O que queria que respondesse aqui?
Perguntou-me também porque acho que “ainda falta uma categoria” onde me enquadrar. Talvez até exista uma categoria, nunca foi algo que me preocupou, porque sempre me deram termos singulares e precisos em que eu me enquadrava, tais como: autismo, ansiedade, depressão, fobia social, isolamento social, distimia.
Como vê, já tem aqui uma carga de problemas bem grande! Eu chamar-lhe-ia “estás fodido”! (hahahaha) Desculpe-me pelo palavrão!
Pediu-me ainda para ir “ver a definição das palavras “negação " e “negociação"”, e para lhe enviar os significados.
Aqui, vou usar o meu amigo Google para uma definição mais precisa, mas não vejo onde quer chegar!
- Negação – “ato ou efeito de afirmar que algo não é verdadeiro ou não existe; recusa; rejeição; o que contradiz ou é contrário a algo; incapacidade; inaptidão; falta; carência”.
- Negociação – “ato ou efeito de negociar ou comerciar; ato ou efeito de comprar, vender ou trocar; negócio; contrato; ajuste; conversações entre parceiros sociais com o objetivo de se chegar a um acordo; conversações diplomáticas entre representantes de Estados para se definir soluções para um dado problema, estabelecer um acordo ou ajustar um tratado.
Análise Mentes Conectadas
Vamos lá então...
Quando lhe pedi para reler o que escreveu sobre o controlo que os seus pais tiveram e têm na sua vida, foi para que pensasse de novo no que escreveu sobre isso.
Vamos fazer este exercício:
Imagine que é outra pessoa e que alguém lhe está a contar o que me contou a mim. Que feedback daria a essa pessoa? Que conselhos lhe daria sobre isso?
Sobre a ansiedade, penso que não tenha começado nos exames escolares. Poderá ter ficado visível nessa altura.
Mas podemos procurar a origem, ou seja, tranquilamente começar a pensar, desde que nasceu, com quantos anos começou a sentir ansiedade e quais foram os eventos que provocaram esses episódios.
Aqui vai ser necessário um pouco de ginástica mental para conseguir chegar a informações, pois essas memórias podem estar ausentes da consciência até serem necessárias como são agora. Chama-se “rememorar”.
Temos vindo a ter conversas um pouco sobre tudo, e foi bom para nos posicionarmos em relação um ao outro, para obter conhecimentos e “uma geral”, como dizem os cidadãos brasileiros.
Mas chegou a altura de nos focarmos num assunto de cada vez. Eu tenho tempo, você também tem? :) Vamos juntos aventurar-nos nesta descoberta? Parece-lhe bem?
Penso que já temos, finalmente, um ponto de partida. A jornada vai começar, e agora é deixar o processo acontecer.
Entretanto, enquanto aguardo pela sua resposta, vou procurar uma tarefa presencial que você possa fazer. Vamos sair “fora da caixa”… Sair do aconselhamento tradicional e experimentar umas coisas enquanto continuamos com “esta terapia”.
Gostei muito de ver que se riu, neste seu último texto, quando disse um palavrão – sensação libertadora, não foi? :)
Confie... Se for difícil – fingir acreditar, para que um dia possa a vir a acreditar :)
Você tem bom fundo, vê-se pelas suas palavras, por isso, é um ser humano necessário neste mundo.
Finalmente, porque sei que, por vezes, o deixo confuso, queria sugerir-lhe que visse o documentário “O Método de Stutz” na Netflix. Eu sou uma pequena cópia andante deste método...
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Até à próxima - Mentes Conectadas X
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