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13 setembro, 2024 Mentes Conectadas: A quem devemos contar os nossos segredos?

Este foi o tópico de uma reunião em que estive há dias…

A nível terapêutico, por vezes, temos de falar de coisas que são os nossos “segredos” mais bem guardados para podermos enfrentar as coisas, e até mesmo para entrar em processo de cura.

Mentes Conectadas: A quem devemos contar os nossos segredos?

Há muitos anos, houve uma pessoa que nem era minha paciente direta, que veio com outra ter comigo a dizer que precisava de contar-me um segredo horrível.

Ora, eu apercebi-me de que ela ia contar-me algo que poderia ter a ver com homicídio. Muito rapidamente, disse-lhe que não me ia contar a mim, que fosse antes contar à sua conselheira.

Era o que mais faltava eu ficar com esse peso aos ombros! Podem até estar a pensar que eu deveria ter ouvido, mas temos de entender que eu trabalhava em regime de prisões e, muitas vezes, o part-time preferido de alguns presos é arranjar esquemas para cair nas boas graças daquele, ou daquela, que tem alguma dificuldade em cair nisso.

Possivelmente, outro conselheiro ouviu esse segredo e ficou tão contente, mas tão contente, pela confiança que a pessoa lhe deu ao escolhê-lo, que até posso adivinhar que que quando chegava a altura de revistar o quarto dela, não o fazia…

Isso porque estava em dívida emocional para com ela! Pois, é o que fazem algumas pessoas em regime de prisão – estudam-nos ao pormenor, pois tempo não lhes falta.

Fazendo aqui um à parte que me magoa, destroça-me por dentro... Eu quando vi esta fuga de prisioneiros que aconteceu, recentemente, numa prisão em Portugal, deparei-me com o como, o porquê, o que aconteceu, como foi possível... Parece-me que estamos todos à toa!

A única coisa que senti foi exatamente isto:

  1. Um murro no estômago.
  2. Um pensamento: e aqui ando eu desempregada.
  3. Há 15 anos, Tires só me quis como voluntária porque não havia verba para me pagar.
  4. Vontade de ir ter com esta gente toda e dar uma palestra a explicar-lhes ao mínimo detalhe o que aconteceu e porque aconteceu!
  5. Fazer o perfil deles todos, incluindo dos guardas.

A angústia é tão grande, mas tão grande, por saber tanta coisa, por ter sido treinada e ver-me para aqui sentada, apenas a escrever... Quase que invisível para o mundo, que até fico com pena de mim própria!

Mas, voltando ao tópico, pois, no mês passado, recebi ajuda de uma pessoa que considerei sempre ser a última que alguma vez me iria ajudar na vida - e acabou sendo essa pessoa que me mostrou o caminho. Agora vejo luz no fundo do túnel!

Como contar segredos a alguém?

Contar segredos a alguém, muitas vezes, é complicado, mas ter segredos ainda é mais complicado. Então, eu sou a favor de não os ter!

Sempre tive aversão a segredos, pois sempre ouvi dizer que somos tão doentes quanto os segredos que temos! Então, sempre optei por não ter segredos.

Ainda assim, se há algo que eu vejo que tem de ser contado, acabo sempre por escolher a mesma pessoa a quem contar.

Se há risco que essa pessoa conte a outra? Há! Mas o mais importante é livrarmo-nos da carga emocional que os segredos trazem.

Contar um segredo é um ato de libertação. Não nos podemos esquecer que é uma prática comum que vem de há muitos anos, pois é exatamente isso que acontece na Igreja Católica, quando alguém se vai confessar.

O medo de contar…

Reparo que as pessoas que trazem o tópico de estarem com medo de contar os segredos, muitas vezes têm associado a isso a grandiosidade.

Trazem para grupo este dilema, para os outros ficarem a pensar que a pessoa é muito “bandida”. E, no fim de contas, por vezes são segredos simples, daqueles que todos naquele grupo têm!

Se assim não fosse, o poder de uma pessoa se poder identificar com outra não seria tão terapêutico como é!

Ter segredos dá muito trabalho, pois as pessoas têm de arranjar esquemas e mais esquemas para os esconder, e depois esses próprios esquemas tornam-se segredos.

Quando se dá por ela, já se está mais enrolado do que se estava! E, devido a isso, há pessoas que até se suicidam, por estarem tão enroladas em mentiras e segredos que não conseguem ver a luz ao fundo do túnel.

Há quem goste de se enrolar em segredos

Também há outras pessoas que gostam de estar enroladas e com segredos, pois têm baixa autoestima, e esta dinâmica leva-as a pensar que são mais espertas dos que os que as rodeiam.

Estão tão embrenhadas no seu egocentrismo que nem reparam que quem as ouve, se apercebe dessas mentiras e segredos, mas acaba por não as confrontar, pois nem lhes “aquece, nem arrefece”, a forma de ser dessa pessoa.

Afinal de contas, é essa pessoa que tem de viver com isso! E se repararem bem, quando essas pessoas sorriem, é algo muito forçado - tentam transmitir um sorriso que está enterrado no meio de tanta mentira e segredos.

É como aquelas pessoas que quase dizem assim ao mundo:

“Olá, mundo de pessoas vulneráveis!

Eu tenho aqui um conjunto de coisas para vos fazer bem, mas aquilo que vocês não sabem é que, à parte, também tenho um conjunto de coisas que vos prejudica. A minha verdadeira intenção é o dinheiro e fazer com que ninguém tenha por onde me pegar!

Então, decido jogar nos dois lados, sem vocês saberem, pois são tão vulneráveis que, por falta de meios e estudos, nem se apercebem da verdade!”

Mas tudo se vem a saber - muitas vezes por portas travessas!

Vale a pena viver em esquemas e segredos?

Por isso, para concluir, o que é que vocês acham? Vale a pena viver em esquemas e segredos? Acham mesmo que isso vos vai trazer paz? Não vai!

O melhor mesmo é não ter segredos e esquemas. Mas caso haja alguma coisa de que gostasse de se “livrar”, arranje alguém de confiança para lhe confiar esse segredo.

Se tiver dúvidas em relação às pessoas comuns, vá contar a alguém que tem de ter sigilo profissional – normalmente, são padres ou psicólogos!

Lembre-se de que há sempre uma luz ao fundo do túnel. Tenha fé! E o mais será revelado...

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Até à próxima - Mentes Conectadas X

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