31 janeiro, 2021 14 dias para o 14 de Fevereiro
Quem vai para o mar, avia-se enterra.
Nenhum homem fica em pulgas com o dia de São Valentim. Nenhum homem heterossexual que se preze fica com os pentelhos do cu a bater palmas pela aproximação do dia em que se celebra o amor. Contudo, todo e qualquer homem heterossexual e homossexual, sabe o que significa o dia 14 de fevereiro: dia de comer o cu. Ou como os casais gays dizem “quinta-feira”.
Nenhum de nós está em êxtase com esta data, pois todos nós sabemos que vamos ter de largar a nota pela chance não prometida de saborear o raro e doce prazer de enfiar o real nabo em nobre traseiro. Não coloco aqui em causa quem disponibiliza o rabo 365 dias por ano e essas valentes guerreiras (e guerreiros!) deveriam ser condecoradas no dia 10 de Junho com direito a honras de Estado. Mas há qualquer coisa de místico em comer um cu no dia dos namorados.
Não sei se é do clima de romance, do facto de termos gasto um balúrdio num jantar ou simplesmente porque ela não gosta de ter um cilindro de carne a entrar por onde ela solta cilindros de lama quente, mas não é a mesma coisa.
E ai de vocês que não gastem dinheiro com ela, foda-se. Não custa nada deixar a outra pessoa de sorriso nos lábios se, nesse dia à noite, vão ser vocês a sorrir por último quando o tolas bater à porta do senhor rabo a dizer “boa noite, posso entrar?”. E ai de vocês meninas (e meninos) que recusem o prazer anal à vossa cara-metade? Mas quem é que vocês julgam que são? A Rainha de Inglaterra? Até essa deve ter levado no cu do rei e metade da corte, porque se há coisa que aprendi com os documentários da BBC é que a realeza é apenas um grupo de swingers com chapéus engraçados.
Por isso, não corram riscos. Tratem já de arranjar um bom lubrificante. Algo de qualidade e com um sabor agradável.
Caso contrário, também não há problema. É enterrá-lo no cu da querida (ou do querido) sem dó nem piedade e tapar-lhe a boca enquanto dizemos “feliz dia dos namorados, amor”. E não vale a pena gritar que está a doer, porque nós sabemos que está a doer, tal como nos doeu na carteira pagar o jantar, o cartão, as flores e o caralho. Aguenta porque o gestor de conta também aguentou a valente foda que levou.
Porque amor é isto. E broches também. Mas principalmente isto.
Até quarta e boas fodas no cu e fora dele.
Noé
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.