19 agosto, 2021 Venda de Conteúdo e Direitos à Imagem
Por que partilham com outros algo que pagaram para ver?
Recentemente tive uma conversa com uma amiga em que ela relatou que, mais uma vez, avisaram-na de que estavam a partilhar conteúdos que ela tinha vendido em privado, em grupos no WhatsApp e Telegram. Infelizmente, quem a informou não divulgou quem fez a partilha, pois sabia que se o fizesse ela iria contactar a pessoa em questão.
Ficamos a pensar no que poderia ser feito para prevenir este tipo de coisa e, ao que parece, não existe uma maneira. A única solução viável seria por uma marca d’água em todos os conteúdos que vendemos, dessa forma quem receber o conteúdo indevidamente, ao menos saberá a quem pertence e talvez torne-se um cliente.
Outra coisa em que pensamos foi em partilhar os ficheiros de forma que quem os adquirisse só poderia vê-los uma vez, mas a ideia foi descartada porque isto também não impede que o cliente tire um print ou grave o ecrã e depois partilhe.
E aí fica a questão:
Por que partilham com outros algo que pagaram para ver?
Não encontramos uma explicação, entretanto, a mim, não parece mais nada além de uma burrice de proporções estratosféricas e vou explicar o porquê.
É como se eu chegasse a um bar e resolvesse pagar os copos de toda a gente lá dentro, passados alguns minutos, alguém avisa a toda a rua que eu estou a pagar os copos da noite e entram mais pessoas para beber às minhas custas.
Qual vantagem eu levo nisto fora o título de ser altamente generosa e mostrar que tenho dinheiro para gastar?
Nenhuma.
E, definitivamente, a menos que eu estivesse completamente bêbada e fora das minhas faculdades mentais, eu pagaria para um monte de gente que eu nem conheço ter prazer às minhas custas.
Ou seja, um cliente que compra fotos e vídeos de alguém e partilha com outras pessoas está pagando pela punheta alheia, porque ao partilhar apenas com um amigo ou com um grupo de amigos, nada impede que partilhem com outros e mais outros. Percebem onde eu quero chegar? Vai pagar pela punheta do amigo e, no mínimo, de mais outros 1000.
O Direito à Imagem
Outra coisa que preciso salientar é que quando vendemos algum conteúdo, nós vendemos a imagem e não os Direitos de Imagem, o que significa que quando é partilhado um conteúdo cujos direitos não foram vendidos, quem partilha está a violar o artigo 79º do Código Civil, logo é caracterizado como crime.
Neste texto eu falo com mais detalhes sobre o assunto.
Como resolver o problema?
Há uma forma de resolver isto?
Infelizmente não, mas sinceramente, sou a favor de uma coisa: subir os preços.
A razão é simples, existe imensa pornografia gratuita na Internet, basta uma pesquisa rápida no Google a utilizar as palavras óbvias, com o Safe Search desactivado, que aparece uma imensidão de fotos com conteúdo explícito, ou seja, quem quiser pornografia gratuita não precisa gastar 1€ que seja, no máximo alguns cêntimos da conexão à Internet.
Se um cliente decide pagar por um conteúdo e nós não sabemos o que ele vai fazer com ele, é justo cobrarmos um valor maior do que um show, por exemplo, afinal aquele conteúdo poderá ser visualizado várias e várias vezes e sabe-se lá por mais quem.
Por isso, acho extremamente importante pensar bem se vai vender conteúdos e em quanto vai cobrar por eles.
Eu acredito que quanto mais barato for o valor do conteúdo que vendemos, maiores serão as chances de partilha, afinal eles não vão gastar tanto se pretenderem partilhar com toda a gente. Se um conteúdo é mais caro e partilharem, pelo menos vamos ganhar um pouco a mais em contrapartida da quantidade de gajos que vão ter uma bela punheta de borla às custas do nosso trabalho.
A minha dica
Valorizem o vosso trabalho e a vossa imagem. Metam marca d’água em todos os vídeos e fotos com vosso nome e contactos em algum sítio que não possa ser recortado sem estragar a imagem, dessa forma, se um cliente partilhar pelo menos terá outros potenciais clientes.
E lembrem-se que uma vez que as imagens estão na Internet é muito difícil retirá-las.
Um grande beijo!
Suzana F.
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Suzana F.
Suzana F. é mente aberta, observadora e crítica por natureza. Apaixonada por literatura, ama ler e escrever sobre sexo.