10 outubro, 2018 Fui contra uma porta
Paremos com este flagelo!
Desconheço quem tenha sido o primeiro génio que bateu na mulher e lhe disse para ela dizer que foi contra uma porta, mas este cabrão merecia ser esventrado com anzóis de pesca e deixado a secar ao sol de Agosto na Amareleja.
Além do óbvio problema que é e continua a ser a violência doméstica ou qualquer outro tipo de violência, estes filhos de pai incógnito conseguiram a proeza de tornar um monstro igual a eles quem gosta de espetar umas palmadas mais vivaças na parceira. Corrijam-me se estiver enganado, mas se derem de caras com um casal em que a mulher apresenta marcas roxas no pescoço e nos braços, qual é o vosso primeiro pensamento? Exactamente o mesmo que o meu. Deveria ser “esta gosta de foder que nem uma leoa” e não “coitada desta senhora que anda a levar nos cornos do marido!”.
E assim nasceu a desculpa esfarrapada de “fui contra uma porta!”.
Quem deveria ir contra uma porta várias vezes enquanto era enrabado por um senegalês alimentado a Viagra são as pessoas que acham que podem bater nas outras para descarregar a frustração. Se uma gaja gosta de levar enquanto o tem enfiado por lhe enaltecer o prazer, uma gaja tem de poder levar enquanto o tem enfiado e não sentir nenhum tipo de vergonha em o dizer quando a questionam sobre a origem das marcas que apresenta. Infelizmente, o receio de ser apelidada de leviana é maior do que o receio de ser confundida com uma possível vítima de violência doméstica e a pior parte é que um gajo corre o risco de ser colocado no mesmo saco que esses cabrões. Em vez de “foda-se, esse gajo deve mandar uns belos fodões para a ter deixado neste estado” ficamos visto como o gajo que deve mandar umas belas cargas de porrada por sermos umas bestas sem o mínimo respeito pela dignidade humana.
Solução? Num mundo ideal, era porreiro que mais ninguém batesse em ninguém, mas vivemos num mundo bem longe de qualquer coisa que se possa chamar de ideal. A solução passa primeiro por deixar de pensar que todas as marcas que uma mulher tem no corpo são fruto de violência doméstica. Podemos todos colectivamente começar a dar o benefício da dúvida tanto a elas como a eles?
Sonho viver num mundo que pergunte a uma gaja “que marcas são essas?”, ela responda “fui contra uma porta…” e eu diga “foste mas é bem fodida…” e ela finalize com “tens razão…”.
Até quarta e boas fodas.
Noé