22 Noviembre, 2015 A menina (bem) mal-comportada
O que está atrás de uma cara de menina de bem?
As meninas de bem supostamente não são boas de cama. As meninas “más” preenchem-nos o imaginário desde adolescentes. O que define uma boa menina? E uma má? E podem ambas ser a mesma pessoa?
Um famoso comediante uma vez disse num sketch: “as meninas de bem são uma merda na cama. Nada que haja algum mal nisso, é apenas as circunstâncias da vida que levaram a essa situação. E para quem me está aí a criticar a dizer que não vos conheço e que vocês também têm pensamentos pecaminosos, deixem-me pôr a questão desta forma: portanto vocês levam no cu duas vezes ao ano sendo uma delas o aniversário dele e têm um traje de enfermeira sexy no guarda-fato. Acertei? Deixem-me explicar como funciona a mente de uma menina safada: a menina tem um caralho entalado no cu. Sabem o que ela pensa?
“Hey… isto é bom. Mas sabem o que era melhor? DOIS CARALHOS NO CU!”.
De forma muito rude e simplista, este homem conseguiu aqui de forma simplória e humorada expôr um pouco do que todos sabemos de como o nosso mundo se divide: gajas que sabem foder e gajas que julgam que sabem foder. No que toca aos homens, nós julgamos sempre que sabemos foder mas no fundo, muitos de nós não sabemos. Acreditem que para mim é sempre uma honra quando um ser feminino me deixa lhe dar uma suposta grande foda (na minha cabeça é pelo menos e vamos todos acreditar nisso. Até eu).
O termo “aquela gaja é uma grande maluca na cama” é a gíria tuga para “aquela gaja espeta grandes fodões num gajo”. Certíssimo. Mas o que é um grande fodão? É quando ela faz bicos exímios? É quando ela parece uma dançarina do ventre quando fica por cima? Ou é a que nos diz “vem-te todo na minha boca”? Agora podemos pensar que já todos tivemos alguém assim de uma forma ou de outra. Ou apenas com um dos atributos. Ou com todos… e mesmo assim não foi uma grande foda. Aqui entramos no campo da psique sexual e isto não se pode generalizar pois o que mexe com cada, a cada um concerne. Para alguns o que acabei de descrever foi coisa que nunca apanharam e para outros um domingo à tarde igual aos outros.
Sexo será sempre um infinito mundo que cruza entre o fisico e o psicológico mas de uma coisa eu tenho a certeza: ou se nasce com o “saber foder” na essência ou não se nasce. Ponto. Sim, podem foder muito aqui e ali, com aquele e com o outro mas se o que torna uma grande foda numa foda épica não está já na própria pessoa, então não vale a pena. Talvez seja esta aquela estrelinha que define os que têm um dom para algo, dos que simplesmente almejam ter. E custa muito ver que certas pessoas até gostariam de o ter e simplesmente estão a lutar contra a própria natureza e as várias tentativas que possam ter de querer ser aquilo que não são na cama vai acabar por trazer más experiências entre os lençóis.
Dois casos. Tenho dois casos totalmente distintos do meu passado que exemplificam isto e que vai baralhar completamente e deitar por terra tudo o que acabei de dizer mais acima, mas isto apenas para mostrar que nada no que respeita ao sexo é linear.
Tive numa relação com uma rapariga bissexual bastante tempo. Posso dizer que só faltou foder legumes e embalagens de carne picada do Continente para dizer que fiz de tudo. A mulher nasceu mesmo com a tal estrelinha, a da má menina. Aquilo não eram fodas, eram obras de arte. E não era eu que as dava, era eu que as levava. Como ela se mexia, como gemia, como usava a boca, mãos, pés, rins… eu sei lá. A mulher respirava foda até a cortar as unhas dos pés. Boa menina? Nem por isso. Ela tinha o poder de suscitar em outras mulheres a curiosidade pela experiência a três só pelo olhar e forma de andar e se mexer. Basicamente vivi uns anos dentro de um filme porno e deixou-me muito mal habituado para o futuro. No entanto, houve sempre algo que ela nunca soube mexer: o meu intelecto. Ora, o facto de eu saber que estava na presença de alguém lascivo daquela forma sempre nos limitou a “foder com a mente”. Era tudo muito fisico. Sim… grandes fodas. Sem dúvida. Mas faltava algo. Mexer com a mente um do outro. Mas quem é que está a pensar nisso quando vê a namorada a lamber a cona a uma amiga e a dizer-nos para a fodermos a seguir?
Segundo caso. Boa menina. Um mundo espetacular de inteligência e saber estar. Um sorriso que nos tira do sério e um universo incrível que nos dá vontade de nunca lá sair. Quando falávamos ao inicio, o meu pensamento nunca se desdobrou para o lá do sexual pois as nossas conversas eram tão apaixonantes e longas sobre tudo e mais alguma coisa que reduzir aquele momento a dirty talk era minorar aquela nossa relação. E ela era bem mas bem gira. Trintona já na segunda metade da década e um hino ao estilo e forma fisica. Tinha tudo, não era? Na minha mente não e talvez fosse por isso que nunca tentei quebrar a barreira. Certo dia perdi a vergonha e entrei a pés juntos:
“Sabes que já… me toquei a pensar em ti? Não foram poucas…”
Não o fiz com intenção de nada em particular, dado que até era verdade. Costumo fantasiar com as pessoas menos óbvias pois gosto de as imaginar como seriam na cama.
“E tu… achas que foste o único? E não foram poucas…”
Fiquei a tremer das pernas. Fiquei excitado como nunca antes. Porquê? Ela deveria ter ficado timida e envergonhada e não foi isso o que se passou. Deu-me uma resposta à altura que me fez engolir em sexo... ups… seco.
A partir daqui a coisa escalou entre sugestões de parte a parte, troca de confissões de desejos e beijos roubados em encontros fugazes. Para quem ocupava o meu imaginário de uma forma nada sexual, estar naquela posição comigo era completamente excitante a um nível de eu ficar com tesão só de ouvir um olá dela. Num acesso de audácia meti-lhe os dedos a meio de uma conversa banal e só me confirmou o que eu sabia: ela estava a pingar das cuecas só de falar comigo. Uma vez excitei-a tanto no emprego a falarmos por chat que teve de se ir tocar ao WC para poder voltar ao normal. Não aguentou. Ela tinha entrado na minha mente e eu na dela e fodíamos assim, aumentado o desejo de dia para dia. Quando finalmente consumámos o acto ela tinha toda a informação sobre o que mexia comigo. Tudo nela era perfeito e como eu gostava: a forma como se mexia, o rabo de cavalo perfeito, as jeans largas descaídas pelo rabo, o top largo e solto, etc. A mulher que não me dizia nada sexualmente, respirava foda agora por si só. Ela era uma fantasia mental que tinha ganho vida. A forma como ela gemia a agarrar-me no caralho, comigo sentado no sofá tirava-me do sério, apenas lhe tocava, gemia e olhava-me nos olhos. Algo tão simples e banal em outra pessoa e ali com ela foi das melhores experiências sexuais que tive. Não eram apenas os corpos a foder, eram as mentes. Duas cabecinhas iguais que se conheceram primeiro pelo menos óbvio. E aqui entra outro facto: ela era (e é) uma boa menina. Não precisou de mil gingas de cintura. Nem de broches galátcticos. Nem de comer amigas. Precisou sim, de me entrar na mente e me deixar entrar na dela.
Estaria isto já nela? Esta forma de encarar o sexo e o desejo? Sem dúvida. Talvez ela não fosse assim com todos porque nem todos a iriam entender ou despertar isso nela. E vice-versa. Porque aposto que a outra do primeiro caso continua a foder da mesma maneira e sortudo do gajo (ou gaja) que anda lá e boa sorte para isso.
Mas há pessoas e essências que são outro nível que transcendem a boa e má menina.
Meninas boas. Sim. Meninas más. Sim. Bons meninos só existem nos livros e meninas perfeitas na nossa mente.
Tens é de descobrir onde andam as boas (más) meninas.
Até quarta e boas fodas.
Noé
Trintão miúdo de coração ao pé da boca. Perdido em fantasias concretizadas e concretizáveis apenas preso por amarras do anonimato. Relatos passados de opinião libertina é um santo pecador por excelência.