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27 Febrero, 2020 A ameaça dos robos sexuais: podem provocar danos psicológicos

Há robos sexuais cada vez mais avançados e parecidos com mulheres e homens reais, o que pode vir a ser um problema.

Investigadores norte-americanos alertam que o auge dos robos sexuais com Inteligência Artificial constituem uma ameaça para a sociedade, nomeadamente por poderem provocar danos psicológicos.

A ameaça dos robos sexuais: podem provocar danos psicológicos

A grande preocupação destes investigadores prende-se com a falta de fiscalização e de supervisão da indústria que se dedica à produção de robos sexuais com Inteligência Artificial, temendo que o negócio possa estar a fugir do controle, ameaçando causar danos morais e psicológicos na sociedade.

Esta possibilidade foi apontada pela investigadora Christine Hendren, da Universidade Duke, durante um encontro da Associação Americana para o Avanço da Ciência, conforme declarações divulgadas pela BBC News.

"Alguns robos estão programados para protestar, para criar um cenário de violação. Alguns estão desenhados para se parecerem com crianças. Um dos desenvolvedores destes robos, no Japão, é um pedófilo confesso que diz que este dispositivo é profilático contra o facto de ele poder magoar uma criança verdadeira. Mas será que isso não normaliza e dá às pessoas a oportunidade de praticarem estes comportamentos que deviam, simplesmente, ser tratados com um carimbo de remoção?"

Nos últimos tempos, tem sido notícia o cada vez maior avanço no fabrico de robos sexuais, havendo já modelos disponíveis com Inteligência Artificial que têm "personalidade" e que são capazes de responder a perguntas, além de parecerem mulheres de carne e osso para criarem orgasmos e sensações mais reais. Estes robos sexuais podem memorizar coisas sobre o seu utilizador, nomeadamente quanto às suas preferências e às experiências realizadas.

Também já há modelos de bonecas sexuais que têm a sua pele sintética aquecida, como a dos humanos autênticos. E ainda se podem criar bonecas sexuais feitas à medida do freguês, com características de acordo com os gostos de cada qual.

Há, igualmente, bordéis de bonecas sexuais e bonecos sexuais ultra-realistas que parecem quase homens de verdade e que têm mangalhos grandes e de silicone, sempre prontos para cumprirem todos os desejos sem negarem fogo!

É claro que estes modelos de robos sexuais avançados não estão disponíveis à maioria dos bolsos, sendo bastante caros. Mas esse cenário deverá mudar a curto prazo, uma vez que, de acordo com a previsões dos especialistas, o sexo de realidade virtual vai ser coisa normal já em 2030 e em 2050, a maioria das pessoas terá sexo com robôs.

Entretanto, a indústria continua a aperfeiçoar os modelos existentes, para torná-los cada vez mais parecidos com pessoas reais, nomeadamente para conseguirem mexer-se e até para se auto-lubrificarem.

Nos anúncios de venda das bonecas sexuais mais avançadas, aponta-se que elas podem ser mais perfeitas do que uma mulher de verdade e que podem até desenvolver "sentimentos de amor" pelos seus donos.

E este é outro problema, segundo a professora Kathleen Richardson que ensina Ética e Cultura de Robos e Inteligência Artificial na Universidade De Montfort, em Leicester.

"Estas empresas estão a dizer, 'não tem uma amiga? Não tem uma companheira de vida? Não se preocupe, nós podemos criar uma namorada robo para si'. Uma relação com uma namorada é baseada na intimidade, no apego e na reciprocidade. Isto são coisas que não podem ser replicadas pelas máquinas. Se alguém tem um problema com uma relação na sua vida real, lida com isso com outras pessoas, e não normalizando a ideia de que pode ter um robo na sua vida e que pode ser tão bom como uma pessoa."

Por outro lado, Kathleen Richardson fala também do perigo de se estar a normalizar a ideia da mulher como "um mero objecto sexual".

Entretanto, têm crescido as campanhas contra os robos sexuais, com vários movimentos a apelarem à elaboração de legislação que impeça a indústria de os vender como se fossem um substituto para uma relação entre pessoas de carne e osso.

Gina Maria

Gina Maria

Jornalista de formação e escritora por paixão, escreve sobre sexualidade, Trabalho Sexual e questões ligadas à realidade de profissionais do sexo.

"Uma pessoa só tem o direito de olhar outra de cima para baixo para a ajudar a levantar-se." [versão de citação de Gabriel García Márquez]

+ ginamariaxxx@gmail.com (vendas e propostas sexuais dispensam-se, por favor! Opiniões, críticas construtivas e sugestões são sempre bem-vindas) 

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