22 Octubre, 2018 Um conto - Parte I, II e III
Ela retém-se na cadeira. Fica perplexa ao ler tal mensagem...
De um momento para o outro, a nossa vida pode mudar em consequência de um acto ou de uma pessoa. Tudo pode mudar de um momento para o outro, desde que a gente o permita.
Parte I
Eles não se conheciam. Nunca se tinham visto anteriormente. Nem mais gordos nem mais magros.
Bastou uma troca de olhares e ela respondeu-lhe com um sorriso meloso.
Estiveram assim durante algum tempo, cada um sentado a uma mesa, sozinhos, naquela mesma esplanada.
Cigarro atrás de cigarro. Ele esperou até terminar o jornal que estava a ler para se dirigir na direcção daquela jovem encantadora a quem já roubou um belo sorriso.
Ela não perdeu a concentração e continuou empenhada na sua leitura com os auscultadores a soarem Bossa Nova.
Sem pedir licença ele senta-se à sua frente.
- Não resisti e tinha que a vir conhecer. - disse-lhe.
Ela que ainda não tinha retirado os auscultadores que soavam música num som um pouco baixo, lentamente retira os seus olhos das letras do seu livro e timidamente os levanta e observa directamente naqueles seus olhos verdes. Corou.
- Olá... - respondeu timidamente
Ela não sabia onde se meter. Naquele momento, ela quis ser tão pequena e insignificante como uma formiga, para conseguir passar despercebida no azulejo negro do chão daquela esplanada.
A conversa desenrolou-se timidamente até que finalmente trocaram contactos para um possível encontro até que:
- Já agora... Sou o Duarte. Com esta conversa toda nem me apresentei. E a jovem encantadora é tratada por que nome?
Novamente, ela cora e deixa escapar um risinho idiota e lhe responde:
- Julieta.
Os dias foram passando e não havia qualquer intenção de contactar, tanto de um como de outro, porém a Julieta ficou um pouco apanhada, pois só falava sobre o sujeito que conheceu de uma maneira um pouco fantasiosa numa esplanada.
Passadas duas semanas daquele dito “encontro”, a Julieta recebe uma mensagem no telemóvel:
“Julieta, minha querida. Como estás? Poderei ter o prazer de a ter como companhia para me acompanhar a jantar?”
Ela retém-se na cadeira. Fica perplexa ao ler tal mensagem.
Os rapazes com quem tinha saído ou namorado nunca a conseguiram colocar numa cama, pois ela tinha, como o Duarte, as suas ideias e objectivos bem fixos e definidos. Os rapazes queriam conseguir tê-la sozinha, dentro de quatro paredes e ao não conseguirem atingir o seu objetivo porque a Julieta não lhes permitia tal ousadia, seguiam o seu rumo, o seu destino: de fodilhões.
Parte II
Julieta ainda demora um pouco a responder à mensagem de texto enviada pelo Duarte. Tenta acalmar-se um pouco. Respira fundo e tenta colocar as ideias em ordem, pois nunca a tinham tratado da maneira como o Duarte a trata.
Agarra no telemóvel e começa a digitalizar a mensagem que lhe quer enviar, contudo fez isso mais de trezentas vezes... Ela não se conseguia decidir, até que lá teve que ser:
“Olá Duarte. Gostei do seu convite e achei esplêndida a sua ideia! Encontramo-nos aonde e a que horas?”
Pousou o telemóvel em cima da mesa e deixou-se encostar na cadeira e larga uma longa lufada de ar, mas não se pode dar ao luxo de perder mais tempo e continua o trabalho que estava a fazer, contudo o Duarte responde-lhe momentos depois:
“Perto das 19 horas. Eu apanho-a à sua porta de casa. Estarei aguardando por si.”
Ao ler tal mensagem a Julieta começou a organizar o seu tempo, pois estando ela a trabalhar na biblioteca da faculdade e tendo que apanhar três transportes para chegar a casa, ela determinou o que iria terminar naquela tarde e depois disso iria-se pirar para casa.
Após terminar o que tinha definido foi para casa tomar um banho para ver se conseguia domar aquele seu cabelo selvagem e conseguir escolher um bom outfit para o jantar.
São 19 horas em ponto. A Julieta está a acabar de se calçar quando o seu telemóvel vibra. Uma mensagem de texto.
“Cheguei, donzela”
As suas bochechas começam a arder com tal mensagem. Ao ler a mensagem, não lhe responde e limita-se a descer do quarto andar do prédio em que mora.
O Rui ao ver a Julieta a aparecer junto da porta do prédio, sai do seu BMW branco. Ele estava deslumbrante. Trazia vestido um fato azul escuro do Hugo Boss, com uma camisa branca que tinha dois botões desapertados, que lhe deixavam escapar alguns dos seus pêlos encaracolados do peito.
Ao aproximar-se dele, ela esboça um sorriso pateta e deixa escapar um tímido olá, enquanto que ele começa a encaminhar-se para junto dela, puxando-a para si pela cintura, deposita-lhe um beijo em cada face, porém retém-se e sussurra-lhe ao ouvido:
- Estás linda! Perfeita para esta noite.
Ela derrete-se ao ouvir aquela voz, junto do seu ouvido, a sussurrar-lhe tais palavras, aquela voz tão sensual. Fica petrificada, atrapalhada, mas rapidamente se recompõe.
- Não é nada de mais!... Pensei em algo confortável, mas você!!... Você é que está qualquer coisa... - diz-lhe enquanto o olha de cima a baixo com a boca aberta.
Ele ri-se enquanto observa a cara de abismada que a Julieta tinha cravada na face, até que lhe diz:
- É o meu fato confortável! – diz entre risos – Venha minha bela dama...- diz enquanto lhe pega na mão – Deixe-me levá-la a jantar, que deve estar faminta.
A Julieta não sabia o que dizer ou o que fazer, apenas sabia colocar um sorriso, mais que bobo, no rosto.
Entraram no carro quando o Duarte, finalmente, conseguiu colocar a Julieta no carro, estava difícil pois ela tinha ficado um pouco atrapalhada com tudo o que tinha acontecido até então. Foi naquele preciso momento que o Duarte teve as suas certezas confirmadas.
O restaurante ficava no último piso de um arranha-céus. Um sitio demasiado luxuoso mas com uma vista bastante privilegiada sobre a cidade.
Ao longo do jantar, o Duarte não conseguia retirar os seus olhos da Julieta. Observou cada gesto que ela fazia, ou como a luz fraca do restaurante conseguia iluminar o seu rosto, que era tão angelical, com aqueles seus lábios carnudos e pintados de vermelho. Estava embasbacado. Ela não percebeu que o Duarte a mirava e continuava constantemente a falar. Quando uma madeixa de cabelo se colocou à frente dos seus olhos, o Duarte debruçou-se sobre a mesa para lhe conseguir colocar aquela madeixa de cabelo por de trás da orelha.
Julieta pára. Congela perante tal atitude. As maçãs do seu rosto avermelham-se mais uma vez, o que demonstra que foi um momento um pouco inesperado para ela.
O jantar correu bem. A Julieta por vezes ficava um pouco atrapalhada, pois o nível de cavalheirismo do Duarte era um pouco fora do normal para ela.
- Sobremesa, minha cara Julieta? – pergunta-lhe o Duarte assim que a vê a pousar os talheres no prato.
- Não obrigada. Estou satisfeita. Bastante satisfeita, de facto satisfeita...
- Então, posso ter a audácia de lhe sugerir para irmos tomar o café noutro local?
- Parece-me ser uma boa sugestão.
O Duarte apressou-se a pedir a conta para saírem dali o mais depressa possível.
Já no carro, a Julieta questiona-o sobre o local para onde se iriam deslocar, mas ele apenas lhe respondeu com um sorriso no rosto.
A Julieta não sabia no que haveria de pensar. Aquela noite estava, realmente, a ser diferente de todas as outras. Ela reencostou-se no banco do carro e deixou-se levar enquanto ele guiava pela estrada fora, ela observava as luzes da cidade à medida que o carro se deslocava pela estrada fora.
Não falaram muito ao longo da viagem, o Duarte sabia que a Julieta estava naquele momento a apreciar o “show” das luzes da cidade. Assim que este desliga o motor do seu carro empresarial diz:
- Chegámos, minha querida.
Estavam de frente para um café de praia. Até que a Julieta diz:
- Não pensava que o jantar se iria alongar tanto... Eu ainda tenho... ou pelo menos queria, terminar o trabalho que tenho entre mãos.
O Duarte paralisou um pouco ao ouvir tais palavras, pois tinha mais planos para aquela noite, mas num tom tranquilo e compreensivo lhe responde:
- Minha querida, tomamos o café, eu observo-a mais um pouco e deixo-a em casa para terminar o que tem que terminar.
E assim foi. Não se incomodou com o facto de a Julieta o despachar pois este tem noção que ela ainda não terminou o seu percurso académico. Tomaram o café como planeado, trocaram algumas palavras entre alguns olhares incriminadores e depois regressou cada um ao seu ninho.
Após o Duarte deixar a sua princesa em casa, esta despiu-se, vestiu o pijama e assim que ia começar a organizar as ideias para pegar novamente no trabalho, que deixou a meio naquela tarde, o seu telemóvel vibra. Uma mensagem do Duarte. A sua respiração pára e as suas bochechas começam a ficar rosadinhas. Ela abre a mensagem e lê:
“Obrigada pela sua agradável companhia. Espero voltar a vê-la e a tê-la bem perto de mim. Durma bem, minha querida Julieta.”
Parte III
Cinco encontros. Cinco encontros tiveram eles antes do Duarte finalmente colar os seus lábios contra os lábios da Julieta. Os quatro encontros que tiveram depois, foram tão mágicos e inesperados como o primeiro. O Duarte era um homem paciente. “Quem espera sempre alcança”, mas também como se diz “Quem muito espera, desespera”, mas não foi o caso. A espera que houve foi benéfica para o que viria a surgir entre ambos.
O Duarte para o quinto encontro quis que a Julieta conhecesse o seu ninho. Foi buscá-la novamente a casa, como sempre o tinha feito até então.
- Onde fica o sitio mágico para onde me vais levar? – pergunta-lhe a Julieta pouco depois de entrar no carro com um sorriso de orelha a orelha.
- Verás as estrelas, como tu gostas. – responde-lhe calmamente.
Sem lhe revelar os planos que tinha para aquela noite, ele acelera em direcção à sua casa.
- Chegamos. – diz-lhe o Duarte assim que desliga o carro.
- Mas?... – começa meio confusa – Onde estamos?
- Anda. Sai do carro e segue-me. Tenho algo que te quero mostrar.
A Julieta não sabia o que haveria de esperar. Sabia que ele era um homem maduro e, claro, já tem a sua vida orientada.
Entraram no elevador do estacionamento do prédio onde estavam. O Duarte pressiona o último botão.
“Vamos para o último piso. Boa. Estrelas. Ele bem disse... Será o terraço?!"
Pensava a Julieta meio atrapalhada enquanto o elevador se deslocava entre os 50 andares que tinha aquele prédio.
Quando as porta se abrem, o Duarte avança à sua frente para lhe mostrar para onde se deslocar.
- Não fiques atrapalhada, está bem?
Ao ouvi-lo a Julieta congela. “Vou conhecer os pais dele?! Não me digas!? NÃO!”, a Julieta entrava agora em pânico.
- Está bem. – responde-lhe finalmente.
Ele abre a porta do apartamento. De um amplo apartamento. Mas ele não está sozinho, ouvem-se barulhos vindos da cozinha. Ele encaminha-se para lá e a Julieta, em pezinhos de lã, acompanha-o.
Na cozinha estava uma senhora, que deveria estar na casa dos seus sessentas e ens, a dançar enquanto mexe com a colher de pau na comida que está ao lume.
- Não vos ouvi entrar! – diz a senhora meio atrapalhada.
Sai de trás do balcão e vem ter com ambos.
- Olá Duarte! Mais dez minutos e o jantar está pronto! – diz sorridente.
- Obrigado Lurdes. Depois estás dispensada, está bem? – diz-lhe o Duarte.
- Oh... Claro! – ao terminar de dizer isto voltou para de trás do balcão e continuou a sua tarefa.
O Duarte vira agora a sua atenção para a Julieta. Ela estava com os olhos bem abertos e bem cravados nos dele. Ela estava com as bochechas encarnadas, estava envergonhada.
- Não te deixes atrapalhar querida. É só a Lurdes, a minha cozinheira. Não tenho tempo para cozinhar no meio do meu dia agitado. – diz-lhe entre risos.
Enquanto ele lhe estava a mostrar o apartamento que tinha uma vista avassaladora sobre a cidade, a Lurdes interrompe o diálogo entre ambos para dizer que o jantar estava pronto e que se iria retirar. O Duarte deu-lhe um leve aceno com a cabeça e um breve até amanhã. Um pouco insensível, pensou a Julieta durante alguns momentos, mas como estava demasiado hipnotizada pelas luzes e pelo homem deslumbrante que tinha à frente, não pensou muito no assunto.
Mostrou-lhe cada recanto do seu apartamento. Não lhe escapou nada.
- Jantamos? – pergunta-lhe o Duarte depois de lhe mostrar o quarto.
A Julieta estava boquiaberta a olhar para a decoração do quarto e, novamente, a vista que tem logo ao acordar. Demora um pouco para conseguir formar qualquer que fosse a palavra que quereria formar. Até que diz:
- Pensava que o jantar seria aqui. Agora.
O Duarte paralisa ao ouvi-la dizer aquilo. Apanhou-o desprevenido. Desprevenido de palavras e acções para conseguir lidar com uma situação como aquela. A Julieta era deveras uma mulher misteriosa, caricata e cheia de surpresas. Quando ele menos espera a Julieta consegue-o surpreender.
Ele agarra-se a ela com delicadeza e deposita-lhe um beijo apaixonado, terno, carinhoso... ardente. Deita-a sobre a cama com calma, sem a deixar de beijar. Tira-lhe cada peça de roupa calmamente. Ele estava a desfrutar daquele momento. Daquele corpo. Daquela pele macia, imaculada.
Trocaram longas caricias até que o Duarte olhando nos olhos da Julieta a penetra. Ela agarra-se aos lençóis. Ele começa lentamente. Penetração atrás de penetração. Beija-a para lhe abafar os gemidos. Deposita-lhe pequenos beijos e mordidas nos ombros e clavículas.
Foi mais uma noite mágica para a Julieta, mas agora com outro final. Um final ainda mais mágico.
Depois do primeiro orgasmo da Julieta, o Duarte sugeriu-lhe que tomassem um banho de imersão.
Jantar?... Comida?...
Eles tiveram-se apenas um ao outro naquela noite. A verdadeira primeira noite deles, a primeira de muitas. Pois nem a Julieta sabia o que este Homem lhe tem para ensinar sobre si mesma, sobre o poder que tem, o poder que exerce sobre ela com aquele corpo e com aquela cara tão angelical.
Alexa
Uma mulher com imaginação para dar e vender.
Sempre gostei de escrever, mas coisas eróticas... isso gosto mais. Levar um homem à loucura através de palavras e da sua própria imaginação. Como adoro...