18 November, 2022 PARI! Sabes o que significa?
Dicas para quem tem Crédito Habitação e não consegue pagar.
PARI é o Plano de Ação para o Risco de Incumprimento! Na semana passada falei aqui de como pedir um Crédito Habitação porque a casa é um bem de primeira necessidade. O grande sonho da maioria! Mas há sempre imprevistos e quando isso acontece, podemos não conseguir pagar o crédito. O que fazer nessa situação?
Necessitamos de uma casa para viver e se essa casa for nossa, melhor ainda. Nada melhor do que saber que aquela parede nos pertence e não estamos à mercê de senhorios, a pagar absurdos mensais por algo que nunca vai ser nosso.
Mas a vida muda, na maioria das vezes de forma inesperada, e acaba por pôr em causa a continuidade da casa própria para quem já tinha alcançado isso com recurso a um crédito bancário.
Os imprevistos podem ser os mais variados: desemprego, doença, nascimento, casamento, crise, catástrofes, guerra, tempestades, criminalidade, etc. Uma panóplia de acontecimentos dos quais, na maioria das vezes, não conseguimos fugir. Não dependem de nós e transportam-nos para um abismo.
Quem circula pelo meio do sexo, muitas vezes já ouviu alguém dizer que passou a trabalhar como acompanhante para pagar o Crédito Habitação, ou para pôr comida na mesa porque todo o dinheiro era canalizado para a renda ou o empréstimo da casa.
A importância da taxa de esforço
É sempre muito importante relembrar que todos os nossos créditos ou responsabilidades financeiras juntos nunca devem ultrapassar os 35% do nosso rendimento - chama se a isto taxa de esforço, e este limite existe exatamente para prevenir situações de possível endividamento perante imprevistos.
No caso de doença em que recorremos a uma baixa médica ou a um certificado de incapacidade temporária, temos uma quebra de 55% do salário habitual.
Assim, se cumprirmos a taxa de esforço de 35%, numa situação de doença, conseguimos pagar as contas e ainda ficar com 20% do rendimento.
O mesmo se verifica em situações de desemprego, onde o valor do subsídio é cerca de 55% do que recebíamos de salário com o valor tabulado de mínimo e máximo.
E é nesta taxa de esforço que os bancos se baseiam para nos emprestar o dinheiro, como expliquei no artigo "Como comprar uma casa".
Seguindo essa linha de raciocínio, se temos um crédito no limite da taxa de esforço, vamos aqui seguir um exemplo:
- Para 100.000€ temos uma prestação de 350€ e um rendimento mensal de 1000€ líquidos.
O banco emprestou o valor - estava na percentagem indicada -, mas, neste momento, com a subida dos juros, a tua prestação passou para 500€ que representa 50% do teu rendimento. Que culpa tens tu? Nenhuma!
Se tens o azar de ficar doente e o teu rendimento passa a ser 550€, terás de fazer escolhas: ou comes, ou pagas a renda! E essa escolha acaba por ser simples de fazer. Temos de comer! E por aqui se inicia o curto caminho para o abismo.
O que podemos fazer quando não conseguimos pagar o crédito?
Para este tipo de situação, foi criado, há alguns anos, o PARI. Todos os bancos e financeiras o têm, pois é obrigatório e é inspecionado pelo Banco de Portugal.
O PARI permite a quem tem taxa de esforço igual ou superior a 36% apresentar a sua situação ao Banco/financeira. Se for superior a 50%, pode renegociar o crédito.
As alternativas que poderá apresentar à instituição são as seguintes:
- Alargamento do prazo do crédito de modo a reduzir a prestação.
- Deferimento do valor da prestação para o fim do contrato, ou seja, se não consegue pagar a prestação do próximo mês, passa para o final do contrato.
- Redução da taxa de juro durante um período de tempo.
- Consolidação, ou seja, juntar vários créditos num só, reduzindo assim as prestações totais.
- Celebração de um novo contrato de crédito, tendo como finalidade o refinanciamento da dívida do contrato de crédito existente.
Em caso de se encontrar numa situação como a descrita, deve apresentar um pedido por escrito ao abrigo do PARI, de modo a ser-lhe apresentada uma alternativa.
A instituição é obrigada a apresentar-lhe uma possível solução, caso não o faça pode e deve apresentar uma reclamação por escrito no Banco de Portugal.
É claro que a solução apresentada pode não ser suficiente para resolver o problema, mas ainda assim, sempre temos de tentar alguma coisa.
Bom fim de semana!